quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012


ALVD EM MOVIMENTO

MARÇO DE 2012

LISBOA
Após a reunião de 26 de Fevereiro de domingo passado em Alfragide, com a presença de muitos candidatos a voluntários, coordenada por P. Adérito Barbosa, P. Luciano Vieira, e o estudante religioso Jorge Magalhães, onde abordamos durante três horas as atitudes fundamentais do voluntário dehoniano (ALVD), ficou acordado o seguinte, após termos recebido informações e pedidos de Lichinga:
- enviar, no mês de Agosto de 2012, um pequeno grupo de voluntários dehonianos de Lisboa para Cóbuè, a pedido do bispo;
- enviar, no mês de Agosto de 2012, um pequeno grupo de voluntários dehonianos de Lisboa para Metangula, a pedido do bispo;
- enviar, no mês de Agosto de 2012, um pequeno grupo de voluntários dehonianos de Lisboa para as escolinhas P. Menegon, Lichinga, a pedido da Ir. Maria José;
- enviar, no mês de Agosto de 2012, um pequeno grupo de voluntários dehonianos de Lisboa para apoiar o PEAD, Niassa, a pedido da  Ir. Juliana;
- enviar, no mês de Agosto de 2012, um pequeno grupo de voluntários dehonianos de Lisboa para o ESAM, Niassa, a pedido do Director Dr. Francis.
Durante o mês de Março de 2012 constituiremos os grupos que já se encontram em formação desde Outubro de 2011 (uns pelo P. Luciano, outros pelo P. José Manuel), para começarem a trabalhar nos seus projectos concretos, sem abandonarmos a formação geral que ainda falta como: a espiritualidade dehoniana, a família dehoniana, a dinâmica de grupos, a cultura local moçambicana e os projectos concretos.
Todas as sugestões para a constituição destes grupos serão bem-vindas, assim como de Moçambique mais sugestões de campos onde devem intervir.

MADEIRA
O P. Juan e o núcleo duro da Madeira estão a preparar um grupo para intervir no verão na Missão Católica Dehoniana no Alto Molócuè em Moçambique, local da primeira presença dehoniana em Moçambique.

 
PORTO
 Não podemos esquecer que no Porto, o P. Rosário está a preparar um pequeno grupo para ir a Angola, que, provavelmente integrará alguns elementos da paróquia de Carnaxide. Referimo-nos ao Luau, sem esquecer um pequeno grupo que irá a Viana (Angola) para um projecto de paramentaria e costura.

LIVROS PARA O NIASSA
A Universidade Católica de Moçambique iniciou a sua presença no Niassa com 130.000 Km2 e 2 milhões de pessoas, a partir de Fevereiro de 2012.
Necessita livros de Administração Pública; Direito; Contabilidade, Gestão; Ciências da Educação; Filosofia; Psicologia; Antropologia; Sociologia e outras matérias de ciências sociais e humanas.

EM NAMPULA
De 1 a 12 de Março estarei na Faculdade de Educação e Comunicação de Nampula, em ordem a continuar o projecto de doutoramento dos professores da referida faculdade

Adérito Gomes Barbosa, scj
O Presidente da ALVD
Alfragide, 28 de Fevereiro de 2012

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Crónica de Timor
27 de Fevereiro de 2012-02-26

Bom dia a todos! Depois desta pequena pausa de notícias de Timor aqui estou de novo para partilhar convosco esta vivência nestas terras da Asia final. O calor continua bem quentinho mas as chuvas também são bem fortes e até quentes, o pior mesmo é quando elas trazem enxurradas das montanhas e cortam estradas principais ao longo de dias, onde a limpeza é difícil e rudimentar, enfim torna a vida sempre com grandes emoções e os momentos irrepetíveis como irão poder ver com muitas imagens que partilho convosco.
No passado dia 17de Fevereiro participámos na festa de aniversário do bispo da Diocese, um celebração original cheia de beleza, partilha e um encantador convívio com uma multidão de timorenses que demonstraram carinho e veneração pelo seu bispo.
Iniciou a festividade com a Eucaristia presidida pelo Bispo, D. Norberto de Amaral na Igreja Paroquial de Maliana com a presença de todos os párocos da diocese e todas as pessoas que quiseram associar-se à festa, e era uma multidão e nós também. De seguida fomos até à sua residência felicitá-lo e uma multidão de crianças cantaram, expressaram nas mais diferentes formas a sua sincera alegria neste aniversario tão especial.
A próxima etapa da festa marca toda a diferença deste dia, e é inimaginável para a nossa realidade em Portugal, as imagens falarão por si e o que testemunhámos foi único mesmo!
Deslocamo-nos em carros e fizemos uma viagem de uma hora e meia até à praia mais próxima e chegados pouco a pouco pelos mais diversos grupos, fomos nos juntando pela praia. Nós fomos com as irmãs canossianas e elas levaram um camião de crianças que alugou para este evento. Chegadas à praia eu corri logo até à beira mar, já estão a imaginar, estupefacta com a beleza daquelas águas cálidas do pacífico, sim porque deste lado onde estamos temos o pacifico e eu claro comecei logo a clicar a minha sony que o horizonte me atraía imensamente. Entretanto o curioso foi mesmo a chegadas das pessoas à beira mar a começar pelo Bispo que nuns segundos se atirou às águas e atras dele as crianças, os párocos presentes, algumas irmãs e muitos outros que se foram associando ao banho do festejado, eu estava incrédula com tal coisa, mas ao mesmo tempo maravilhada com toda aquela realidade. Aproveitei para registar os diferentes quadros humanos nas aguas do pacifico, eu e o padre Peter que com a sua serena atitude de Indiano e a sua excelente Canon acompanhada do seu puro sorriso, fotografando os grandes planos e extasiar-se com humor com toda aquela festa no mar.
Chegada a hora do almoço, lá fomos procurar o nosso cantinho para o efeito, mas era um espaço conjunto e partilhado por todos, o melhor de toda esta preparação para o almoço foi virem-nos dizer que já estavam a matar uma vaca para assar, eu devo ter aberto os olhos para acreditar em tal, mas foi mesmo, fui ver com alguma repugnância o ato comunicado pela Madre Rosa que acrescentou logo que se queríamos comer um bife daquela carne tínhamos nós próprias que a cortar senão não a comíamos, e eu não a comi, não consegui e também tivemos outras coisas para comer senão até o fazia, porque não?! Seguiram-se discursos, esteve presente o presidente do parlamento de Timor que sem qualquer diferença como qualquer outro presente partilhou e conviveu com toda a gente, e fomos presenciando e conversando com muitas pessoas que tentaram falar em português com as portuguesas, foi comovente acreditem, toca-me a naturalidade de tudo isto, estou noutro mundo, noutra cultura, noutra forma de valorização das coisas pequenas da vida, o que para mim seria improvável de vir a viver, aqui é o sentido do viver, as minhas noções não serão nunca aplicadas a esta sociedade timorense que muito nos ensina, muito mesmo.
No final da tarde, começou a chover e nós regressámos a Maliana com a Madre Rosa e com as crianças, ficou por lá, mesmo debaixo de chuva, muita gente ou a maioria que já estava e muito bem-dispostos. Pelo caminho o motorista comprou dois nacos de carne para levar para casa e pendurou-os no para-brisas da carrinha, dizem que assim conserva mais do que dentro do carro, eu fico sempre espantada com estas coisas e tento reagir o mais natural possível mas às vezes é difícil.
Lá regressámos a Memo, à nossa casa muito admiradas com tantas novidades do dia.
Andámos uns três dias à caça de um rato cá em casa, numa dessas noite fui à casa de banho e lá estava o pequeno ratinho a correr por todo o lado, parecia assustado, ora eu lembrei-me vou aqui deixá-lo e amanhã tratamos-lhe da saúde, ora no dia seguinte a Olívia levantou-se mais cedo e foi a casa de banho qual não é o espanto dela que viu a sanita ocupada, chamou-me a morrer de rir com tal ocupação e o que era? Era o nosso querido ratinho a dar às suas patinhas na agua da sanita a tentar sair de lá, bem aquilo só visto, claro já devem imaginar o que aconteceu, ou melhor o que fizemos, puxámos o autoclismo e ele lá se foi em paz.
Temos o dia-a-dia cheio de peripécias, a pesada foi a que veio na passada segunda-feira, mas isso contarei depois.
Desejo que estejam todos bem, com saúde, esperança e a preparar-se para a Pásc
oa que virá num instante…
Um abraço amigo, para todos vós.

Ir. Cristina Macrino

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012





Timor

Cronica, 21 de Fevereiro de 2012



Boa tarde de Timor e bom dia para o meu querido Portugal! Se já tenho saudades? Sim, tenho sempre saudades de todos e do tudo o que me é querido! Parece que deixei um país há mais de 1ano e só passou 17dias, quem me conhece bem, sabendo que sou assim um pouco, nostálgica, apesar de gostar da novidade que me enriquece e me torna um pouco melhor em relação às diferenças dos outros contudo o que isso implica de diferente, sinto sempre a falta do que me identifica, pessoal, social e afectivamente, e claro sou portuguesa com muito orgulho e carinho!


Falando agora da nossa adaptação à aldeia onde residimos – Memo, estamos já bastante familiarizadas com estas pessoas, mas mais com estas crianças e adolescentes que todos os dias sem excepção vêm ter connosco. No domingo passado depois da missa dominical, combinámos com o grupo habitual de que iríamos levá-los a dar uma voltita e assim cumprimos o prometido. Por volta das 15horas toca todas a entrar e a subir para o jipe e lá fomos com os nossos meninos visitar uma outra aldeia de nome Tunubibi que quer dizer cabrito assado, uma aldeia plana, interessante, pelo caminho passámos por varias extensões de arrozais e vários grupos de pessoas a plantá-lo exaustivamente, muito interessante. Parámos em frente á Igreja de Tunubibi, e os meninos saltaram do jipe logo a organizarem-se para as fotos de grupo, apreciámos ali as redondezas e depois seguimos para a Ribeira duma ponte de quem vem de Díli para Maliana, quer dizer isto é só para vos situar, mas há outra exactidão geográfica. Bem haviam de vera alegria dos miúdos, numa ribeira de pouco agrado onde parecia uma zona de construção e limpezas e eles saltavam de alegria com tal oportunidade até um peixe conseguiram apanhar naquelas aguas, eu fiquei estupefacta com a atitude de plena satisfação destas crianças e adolescentes que com tão pouco fizeram um dia de grande celebração! Uma lição para mim e para todos nós os ocidentais que precisamos de muito para nos sentirmos um pouco realizados, faz-me lembrar um pensamento de Shakespeare: “alegremo-nos pouco com o muito que temos e sofremos muito pelo pouco que não temos”, e aqui o pouco é imenso e sentimos isso nos seus olhares, uns olhares que nos transcendem verdadeiramente.

Enfim mas também o dia-a-dia doméstico, tem as suas coisas, a irmã Olívia é raro odia que não se chateia com as cabras do vizinho que nos vêm comer as papaieiras e até as flores que ela própria já tinha plantado, ora ela que está a pensar em cultivar uns canteirinhos de várias coisas para nós comermos já se sabe qual é a preocupação dela, as cabras do vizinho a dar cabo da cultura agrícola. Na segunda feira fomos ao carpinteiro aqui também nosso vizinho pedir-lhe uns trabalhos cá para a nossa casa, qual não é o meu espanto que vejo na berma da casa dele um macaco preso, achei imensa graça pois ainda não tinha visto um sem ser no jardim zoológico, aproximei-me dele convencida que o bicho era meigo, pois sim toca de agarrar numa pedra pra me atirar e não perdeu tempo, à primeira não conseguiu acertar e pegou na segunda, mas como eu vi a tempera do macaco, comecei logo a afastar-me antes que ele me acertasse. Nessa mesma tarde fomos à câmara diocesana tratar de uns assuntos, ao chegarmos assistimos a um verdadeiro espetáculo: imaginem uma galinha a fugir dela própria por causa deter um saco plástico agarrada á pata, quanto mais o plástico esvoaçava mais ela corria, viemos embora e a pobre da galinha continuou nesta luta, é cada episódio!

Ontem logo bem cedo pela manhã, os nossos meninos, vieram-nos chamar para irmos com eles à ribeira daqui de Memo que divida Timor da Indonésia, eu até estava incrédula! Parece que vai muita gente pelo monte á Indonésia buscar alimentos, gasolina e outras coisas porque são tudo produtos a custar menos de metade.

 Rezámos todos juntos a oração da manhã e de seguida lá fui eu com os miúdos até á tal ribeira que divide estes dois países, foi uma festa! As fotos provam mesmo isso, a ir. Olívia ficou em Adoração enquanto eu fui com eles e quando viemos, convidamo-los a rezar um bocadinho ao Santíssimo e fiquei impressionada com a atitude destes miúdos, fotografei os momentos porque nos ajuda a compreender um pouco este seu lado profunda da sua fé, desde pequeninos sabem e aprendem provavelmente a sentir que Deus é o seu Pai Criador a quem devem prestar veneração. Ajoelhados diante do Santíssimo cada um rezava para si, como que diante de um SER Supremo e Absoluto, um mistério muito simples mas que nos fez reflectir muito! 
Despeço-me por hoje, continuarei em breve… a História constrói-se com as pequenas histórias do dia-a-dia.
Um beijinho amigo.
Ir Cristina Macrino.

sábado, 18 de fevereiro de 2012






Timor, 16 de Fevereiro de 2012-02-17

Desejo que todos estejam bem. Eu apesar de estar quase adaptada ao calor, ainda tenho a questão do fuso horário um pouco confuso, todas as noites deito-me demasiado cedo e a partir das 5.30h da manhã acabou o sono, tudo ao contrário do meu ritmo de Portugal, quando chego ao meio da tarde já começo a ficar um pouco prostrada, mas já estou a 90%, faltam uns 10% para tudo isso ser superado, se Deus quiser.
Vou então contar-vos como foi a nossa viagem pelas montanhas de Maliana, decidimos continuar a percorrer o território da diocese, para conhecermos um pouco do “nosso” campo e foi mesmo uma aventura. A irmã Olívia é uma destemida aventureira e no sábado de manhã, embrulhámos o nosso farnelinho para o piquenique e lá fomos todas entusiasmadas e animadas para conhecermos mais uns lugares e as pessoas.
Saímos da cidade de Maliana e começámos a subir a montanha, esta muito povoada com muitas casinhas cheia de crianças e os respectivos familiares sempre por perto, claro à nossa passagem lá vinha um sorridente aceno. Quanto mais subíamos mais observávamos um natural fenómeno, as nuvens abaixo do pico das montanhas, parecia que aproveitavam a passagem para fazer o seu necessário descanso, pensei que por aquele andamento ainda ia tocar em alguma e desvendar o mistério da textura das nuvens que do avião parece algodão, mas não, elas sabem que a natureza é para a natureza.
As pequenas aldeias por onde passámos eram revestidas duma flora florestal realmente soberba que o clic da minha “companheira Sony” não resistia, parávamos, falámos o possível com as pessoas, perguntávamos como se chamava a terra, sim porque aqui não há placas para indicar absolutamente nada, a sério é incrível como se vai para tanto lado e nada de indicações e também não há muito sinais de trânsito e o limite de velocidade é a própria estrada, ou melhor os caminhos, estradas são raras.
Então a irmã Olívia tinha ouvido dizer que existiam umas termas medicinais de agua quente por aqui perto, ou melhor nas montanhas de Maliana e toca de começar a perguntar aonde seria, o pior foi saber como perguntar, as pessoas pouco ou nada entendem o português e nós bem pior que elas, não entendemos nem falamos o tétum, logo o gesto é tudo, mas lá conseguimos depois de todas as tentativas na comunicação que nos fez rir imenso! Eu só pensava, valha-me Deus com tal língua, é que nem Inglês percebem, depois de toda esta manhã por aquelas aldeias parámos para fazermos o nosso piquenique, sim porque já eram horas e a fome já apertava um pouco. De  lá nos metemos por um caminho abaixo e pelo caminho encontrámos um homem a quem mais uma vez perguntámos e qual não é o nosso espanto prontificou-se a ir connosco até lá. Saltou para a traseira do jipe com o seu porco embrulhado numas folhas de palmeira que parecia uma malinha, um porquinho para criar, chegando perto da sua casa entregou o porco à sua mulher e mandou-nos continuar, bem eu nunca imaginei tal medo, toca a descer a montanha até ao fundo, era só calhaus e terra cheia de buracos, o jipe revirava-se por todo o lado, acho que disse meu Deus uns vinte vezes até lá abaixo e nem uma foto tirei ao percurso, como era meu costume. Chegadas lá abaixo passámos por umas ruínas de casas completamente destruídas via-se que pareciam edifícios tipo palacetes e no fim da estrada uma pequena passagem feita com bocados de madeira, ainda não tínhamos parado e disse à irmã Olívia: ai já cheia à borracha, e diz ela: borracha? Não é o cheiro das águas sulfurosas, e era mesmo! Tal foi a adrenalina descarregada que até já me parecia borracha queimada. Atravessámos a tal passagem feita com bocados de paus e a nossa boca deu um Ah! De espanto ao ver aquela maravilhada encontrada, imaginem que eram umas termas de água BEM quente, natural, em ruínas, tinha mais uns edifícios naquele espaço, e perguntei ao senhor Luís que nos acompanhou, o que era aquilo, disse ele: “dos colonos portugueses”, huau! Meu Deus como pode haver uma coisa destas aqui em ruínas, podendo ser uma fonte de rendimento para a região? E sentimos um misto de encantamento e desolação diante de tal recurso natural não aproveitado e, como este muitos outros temos encontrado, que nos deixam desoladas por não haver meios estruturais para explorar em favor do povo timorense.
E por agora já chega para poderem assimilar tanta coisa junta, até eu escrevo para não me esquecer. Um abraço amigo! Montanhas de Maliana, 16 de Fevereiro de 2012.
Ir. Cristina Macrino




Crónicas… Timor, 15 de Fevereiro de 2012

Boa tarde caríssimos e caríssimas!
Cá estou de novo convosco, nesta partilha longínqua. O coração diz-me que a vida só tem sentido compartilhada com os outros para também com eles percebermos o que somos e significamos, e também deles recebermos os seus valores e dons.
Aqui como devem imaginar, o ritmo, os cheiros, o clima, as pessoas, a imensidade de diferenças, não é um 2ºPortugal, como muitos de nós, ou talvez a maioria pensaria que seria, e por isso vivo ou vivemos eu a ir. Olívia cada dia e cada instante com muita intensidade e de múltiplos sentimentos, emoções, fazemos um contínuo esforço para nos mantermos integradas com humor e com atitude de descoberta ao novo para que seja positiva e até frutuosa a nossa presença nestas “terras de Crocodilo”, sabem da lenda do Crocodilo? Reza a lenda que um crocodilo transportou um menino até à ilha de Timor sem nunca lhe fazer mal mas pelo contrário, protegendo-o e deixando-o a salvo em terra, e a partir daí este animal tornou-me como que sagrado para os timorenses, uma curiosidade.
Falar deste país politicamente, é um assunto muito delicado, também não é o que a maioria de nós imagina, estamos num país pobre, básico, com estruturas que provavelmente nem há 50 anos haveria no nosso Portugal e acreditem isto não é nenhum exagero é mesmo para terem uma ideia do país.
 De facto o papel dos missionários nesta terra é também ajudar nessa falta de infra-estruturas, tal como outras organizações aqui existentes no território, em termos religiosos, sim, há muito a ajudar com o muito que se tem a receber deles, não posso ainda falar de conhecimento da realidade, é pouco tempo, mas vamos observando e avaliando, fazer o levantamento das necessidades deste povo e desta diocese, nesta pequena área que nos rodeia, muito caminho temos a percorrer. Se a língua falada fosse o português ou outra do nosso mais fácil alcance seria muito mais acessível essa compreensão da realidade. Espero que Deus conduza neste processo durante este tempo seja ele longo ou não.

Mas enquanto a realidade ainda se observa, vou descrever-vos este nosso simples quotidiano. O nosso quintal da casa é um parque de encontros, brincadeiras, canções e tentativa de apreender o tétum com os nossos vizinhos, as crianças e quem vai acenando à passagem nos portais. Todos os dias depois de acabar a escola, elas e eles aí vêm, abrem o portão com todo o jeitinho, tiram o “trinco”, que é uma garrafa de plástico cortada ao meio e que une as duas canas de bambu e toca a vir chamar as “mães”, como eles nos chamam, então conversamos, cantamos, perguntamos os nomes e tiramos umas fotos que fazem a alegria deles e claro a minha. Nas fotos em anexo poderão ver esses momentos connosco.
Decidimos também percorrer toda a região nos arredores de Maliana, e começámos pela cidade, percorremos as ruas que são acessos às casas no meio dos extensivos arrozais, horizontes sem fim de plantação de arroz, que entre as montanhas de Maliana são o conteúdo de uma “moldura”, muito mas muito belo mesmo, água por todo o lado a cair pelo terrenos plantados e os acenos das pessoas á nossa passagem no jipe. Realmente só visto!
No próximo grupo de fotos, vão poder ver e percorrer connosco uma viagem que nem a discrição expressará o que nós pudemos observar e o risco da descida de uma montanha a um lugar muito interessante!
 Tudo de bom para vós. Memo, 15 de Fevereiro de 2012.
Ir. Cristina Macrino





MEMO
12 de Fevereiro de 2012

Continuando a viagem até Maliana... A precária estrada de Maliana à aldeia de Memo foi percorrida com um misto de emoções em mim, o momento da chegada também desejada depois de tantas horas de viagem, o desconhecido reconhecido e ao mesmo tempo a consciência de que esta seria a minha realidade presente e não outra, senti também medo, angústia e ansiedade, ao mesmo tempo que sentia encantamento, deslumbramento e gratidão por em tão pouco tempo ter recebido tanto! Deus é Grandioso! Que quererá Ele que eu faça nesta terra do absolutamente nada!?
Mas a chegada a Memo exteriormente foi um mistério maravilhoso, só quem viu como eu, poderá testemunhar isso mesmo. As crianças saltaram o quintal ao encontro do jipe, crianças de todas as idades, mas tantas e com um sorriso que quase me fazia chorar, como pode ser assim esta nossa presença? Todos queriam falar, dizer o “boa tarde madre”, beijavam-nos as mãos com veneração, que em todo o lado o fazem, crianças de todas as idades, jovens e adultos, na rua no mercado, na estrada, na igreja, sempre que nos vêm lá vêm eles fazer este gesto que a mim me faz um pouco de confusão mas ao mesmo tempo olhando o brilho do seu olhar ficamos extasiados. Mas estava a contar a chegada a Memo… 
Chegadas à casa onde residimos, era chamada uma “casa de bonecas”, mas não é assim tão pequena tem o suficiente para vivermos com conforto e satisfazer as nossas necessidades básicas, um verdadeiro chalé comparado com as casinhas dos habitantes, poderão ver pelas fotos que envio em anexo, assim como o nosso amplo quintal com um portão feito de bambu, muito original e muito terno, foi feito pelas pessoas da aldeia antes de eu cá chegar, e estavam a acabar a garagem e o anexo ao lado, muito útil para o futuro. A criançada depressa se juntou no quintal para conhecer a desconhecida que vinha de Portugal, espantados e sorridente, fez o gosto o dedo, (como não podia deixar de ser) e tirei com eles e a eles umas fotos.
No dia seguinte o primeiro destes que se têm seguido aqui em Memo, fui acordada pela ir.Olívia com um surpreendente presente, um galo imaginem, que a nossa vizinha de nome Marta me quis ofertar, e eu nem queria acreditar que o bicho estava vivo, saltei da cama toquei no galo e ele logo cacarejou, um presente assim nunca tive, e no dia seguinte logo o comemos e muito bom, claro caseirinho!
As primeiras impressões que me tocam desta gente de Timor Leste, é um povo muito educado e muito digno na sua atitude diante uns dos outros, mas de Portugal apenas têm a história da sua passagem, a sua ajuda em algum tempo, algum rasto da língua portuguesa, embora seja a 2ªlingua oficial na Educação mas a que falam é o tétum, estranha língua que não se apanha uma. No domingo passado em Díli fomos à missa das 7horas, era uma Igreja de grande dimensão, cheia de gente fora e dentro e o padre fez uma homilia de 50 minutos em tétum, bem eu já transpirava com aquela conversa incompreensível, o calor, zonza ainda da chegada, cedo e uma missa em tétum, melhor era impossível!
Aqui em Maliana, curiosamente as pessoas têm uns traços mais belos do que as que nos cruzámos em Díli, um olhar lindo, uma tez límpida, disse-nos a ilustre madre Rosa que certamente deve ter passado por aqui alguém que deixou esta beleza humana, poderá ter sido sim, quem sabe?
Por todo este território que faz fronteira com a Indonésia, existem quilómetros e quilómetros de arrozais, um espanto dumas culturas que são uma fonte grande de receita destas famílias. Nestas plantações trabalham crianças, jovens e adultos, todos dão o seu contributo, muito bonito de se ver e admirar.
Esta semana fomos também convidadas a participar na festa de Santa Bakhita, nas canossianas em Maliana, onde conhecemos o nosso pároco muito dinâmico e o padre Peter, um Indiano Claretiano muito sereno e muito gentil, que hoje sexta-feira veio celebrar missa a Memo e de seguida tomou o pequeno-almoço connosco com quem partilhámos muitas das nossas diferenças, ele entende um pouco o português, mas fala o tétum mas o Inglês é que me safou, mas foi muito interessante a partilha. 
Vou concluir dizendo-vos que o deslumbramento do novo neste país – Timor Leste não deixa de me fazer sentir as dificuldades e a distância do nosso Portugal que tanto amo, longe de muitas coisas que aqui não posso ter, longe de muitas pessoas que aqui dificilmente não posso estar sempre a comunicar, ainda a assentar o início de trabalho que apenas é um projecto a concretizar, um país que apenas tem a força da presença humana e pouco mais, é um desafio sim, é difícil? Muito, mas referindo-me a uma passagem do livro: “Ouvir, Falar, Amar” de Laurinda Alves: “Há quem diga: eu faço a minha vida. Mas também podemos dizer que a vida nos vai fazendo, se aceitarmos os desafios que ela traz. Ora aqui está um Grande segredo! Se ficarmos só do lado de cá do obstáculo que temos pela frente, procurando ver se é fácil ou difícil ultrapassá-lo, fica por descobrir o que está para além daquilo que vemos naquele momento. Não há nada como aceitar o desafio, arregaçar as mangas e atiramo-nos à água. É a única maneira de aprendermos a nadar!”
Assim faremos com a ajuda de Deus, o vosso apoio e a vossa oração!
Um forte abraço e muitas saudades para todos.
Até breve.
Ir Cristina Macrino
Deixo-vos todos o meu contacto telefonico: 00670 7177802.
Obrigada por todos os vossos de emails de apoio que tanto me têm comovido, quereria dar uma palavra a cada um em especial e estou a pensar em cada um e uma, mas como tenho de vir à cidade para ter net torna-se mais dificil essa comunicação individual, espero que compreendam, mas logo que possa irei fazê-lo sim, tambem podem partilhar o email com as noticias a quem perguntar por mim, no meio de tantos pode passar alguem. beijinhos.




Ecos de Maliana (Timor)
 8 de Fevereiro de 2012…

Bom dia de Timor Leste e boa noite em Portugal. Aqui estou para continuar a minha partilha convosco agora já em território timorense com tudo o que envolve dizer tudo isto pelo que me foi dado já viver e sentir. A minha chegada a Díli foi carregada de uma ansiedade emocionante. Parecia que já não aguentava mais a viagem, não pelo cansaço que também parecia que não o tinha, mas a chegada em si a Timor, o inesperado, o que me esperaria para além da irmã Olívia.
A verdade é que me segurei o mais que pude para que as emoções não me atraiçoassem e as lágrimas não caíssem neste momento de tocar a realidade, e acreditem consegui! À minha espera, uma simpática comitiva: a irmã Olívia, minha companheira da nova jornada, dois históricos Jesuítas, Padre João Felgueiras e o Padre José Martins, a Manalina, a leiga timorense que nos acolheu com um sorriso irradiante e a irmã Natália Ferreira, portuguesa missionária há 10 anos aqui em Timor e um calor húmido e uma chuvinha bem molhada, não faltou nada para a minha chegada a terras do crocodilo.
Depois de ter pousado a bagagem nos aposentos em Díli, há que respirar um pouco e pelo menos perceber o que me rodeava. Mas primeiro tinha de descansar, fiquei completamente atordoada com o fuso horário e toda esta mudança brusca que embora já passasse quase 6 dias contínuo um pouco assim.
O dia seguinte foi a visita pela cidade de Díli, um outro impacto, imaginar uma cidade capital como esta jamais passou pela minha mente, estradas alcatroadas só pela marginal junto ao mar as interiores na cidade na sua maioria são de terra batida. Começámos pela embaixada de Portugal e audiência com o senhor embaixador de Portugal, que gentilmente nos recebeu e me deu as boas vindas a Timor. De seguida, percorremos a marginal, visitámos o mercado da fruta e de diversidade de vegetais, tudo numa organização simétrica como podem ver nas fotos que fizeram as minhas delícias. E claro encontrar crianças a sorrir é sempre um presente de Deus! No centro juvenil Padre António Vieira, onde estivemos instaladas nestes dois dias, as instalações exteriores deixaram-me boquiaberta com as árvores, flores, os espaços tão bem aproveitados e a profunda alegria e hospitalidade da Manalina, a timorense que nos recebeu, as fotos também expressam bem essa dádiva que tivemos e que temos sempre que vamos ou iremos a Díli. O entardecer foi um deslumbramento neste mar do Indico! Um lado da cidade donde se pode ver a Ilha de Timor, deixa-nos sem palavras a pensar. Quem realmente criou tudo isto?!
Tínhamos previsto vir para Maliana, a nossa residência, no sábado, mas com as chuvas intensas fomos informadas que haveria estradas cortadas, derrocadas perigosas e então ficámos mais um dia e acompanhámos o padre José Martins S.J. a uma paróquia de Maliana chamada Liquiçá, onde seria celebrado a Festa do nosso S. João de Brito. Bem eu nem imaginava a multidão de gente que fui encontrar, um “mar” de crianças e gente de todas as idades. Uma celebração campal presidida pelo Bispo de Maliana, foram uma 3 horas e meia de missa com uma atitude generalizada de quem está para honrar o seu padroeiro. No final fomos cumprimentar o bispo da diocese, D.Norberto do Amaral, que delicadamente me cumprimentou e me deu as boas vindas à sua diocese. De seguida entrámos na escola S. João de Brito acompanhando o Bispo onde pudemos experimentar uma variadíssima gastronomia timorense, os mais incríveis alimentos com um peculiar sabor. Olhem para as imagens em anexo e já poderão fazer uma pequena ideia desta gastronomia tradicional timorense. Bem eu tentei provar algumas coisas, outras só admirei e apreciei com o olhar, mas mesmo muito interessante. A festa continuou no grande espaço exterior da Escola com canções e danças preparadas com todo o cuidado para esta festividade, foi um privilégio especial para mim presenciar e participar neste evento de Liquiçá.
O próximo grupo das fotos vai ser a viagem de Díli a Memo - Maliana, se houve viagens e aventuras que vivi com os meus grupos de catequese em S. Martinho do Campo, esta viagem de 6 horas e meia num percurso de 150km foi o maior deslumbramento à beleza original e o risco audaz de não temermos o caminho, mas contarei no outro email com as imagens.

Um abraço cheio de amizade e saudades.

Ir Cristina Macrino









terça-feira, 7 de fevereiro de 2012


…DE TIMOR


Queridos amigos e familiares
Desejo que todos estejam bem, gostaria de escrever estas noticias da minha viagem para a Ásia a cada um de forma mais pessoal, mas de facto são tantos que enviarei assim tendo em conta que a quem envio pensei com muito carinho e amizade.
A viagem tem corrido bem, digo tem corrido porque ainda não cheguei a Díli, aproveito o intervalo de espera em Singapura para escrever. O que me impressionou nestes trajectos foi o cumprimento em rigor dos horários dos voos, penso que nem 10minutos a mais houve em nenhum, e três companhias aéreas diferentes.
Em Lisboa quando cheguei para o check-in disseram-me que não podia embarcar porque não tinha visto, o que tornou este inicio um pouco stressante mas depois de conversação e ajustamento de documentos com a TAP, tudo ficou esclarecido e embarquei bem e a correr com a minha companheira timorense, sim porque tive uma jovem que me tem acompanhado desde o inicio, de nome Ermegina, natural de Timor, mas que após cinco anos a residir em Portugal regressa ao seu país.
Chegámos a Frankfurt cedo com umas 5horas de intervalo para o voo de Singapura, andámos uma hora a pé para chegar á Gate para Singapura, eu e as minhas malas e sacos a viola e a vacina que levarei em Timor, não me faltou nada.
Em Frankfurt lá comemos e bebemos qualquer coisa e á hora prevista embarcámos para a longa e demorada viagem até à Ásia. Dormi ou dormitei quase todo o tempo e foram muitas e longas horas como sabem, mas pensei que fosse bem pior…
Chegadas a Singapura, eu e Gina, descobrimos que a agente da TAP que fez o check-in à Gina em Lisboa, não lhe enviou a bagagem para Díli mas sim para Singapura, o pior é que na passadeira rolante ela não apareceu depois de muitos esperarmos, lá fomos dar baixa dela e vamos esperar que ela apareça ou hoje em Díli ou no próximo sábado conforme nos disse o agente da alfândega aqui em Singapura. A próxima tarefa depois de quase 2horas de volta da bagagem que não apareceu, fomos á procura do Hotel para passarmos a noite, bem um hotel dentro do aeroporto e a quem perguntava diziam que não sabiam muito bem onde era até que rodámos por lá corredor em frente, escada rolante para cima e vi a indicação, o problema foi encontrar o acesso, então o que faltava foi ainda fazer o cartão de embarque para Díli e só assim conseguimos entrar na zona do Hotel e isto foi outra hora. Depois de chegadas aos quartinhos tão desejados tudo foi mais tranquilo. Conseguimos o serviço da internet nos espaços exteriores ao hotel e fomos jantar uma comida quente que ao escolhermos tinha um aspecto muito bom e era, mas para mim muito picante, resultado a Gina comeu o que pôde do meu e do dela e eu tive de comer uma sande de qualquer coisa mais vulgar, fome não tive, graças a Deus!
Outra coisa muito bonita, que poderão ver nas fotos, são os espaços pelos corredores cheios de flores e até árvores tropicais, bem eu fiquei espantada com tanta harmonia que tudo tinha o seu lugar sem destoar com nada, muito mas muito bonito. Nós, depois de nos refrescarmos no quarto e pormo-nos mais “desportivas”, usufruímos daqueles corredores cheios de tudo um pouco que mais parecia um shopping do que um aeroporto internacional.
O passo de seguida foi ir descansar, mas esforço inútil e absolutamente perdido, apesar de ter tomado um comprimidito para relaxar, só dormi apenas 2horas, a partir das 2.30 até às 7h foi esperar que o tempo passasse. O mesmo aconteceu á jovem timorense, a Gina, que nem meia hora teve de sono, segundo ela, e no avião tínhamos dormido todo o tempo.
Agora já na sala de embarque para Díli, encontrámos uma serie de pessoas de diferentes nacionalidades que naturalmente sem qualquer esforço comunicámos sobre a nossa origem, eu de Portugal, uma jovem das Filipinas, um senhor de Timor que vinha da Malásia e dois africanos que não cheguei a saber a sua origem, enfim somos cidadãos do mesmo mundo e basta um sorriso para nos fazer comunicar. Já estão a chamar e a hora da meta desta grande e longa viagem está finalmente a chegar ao fim. Continuarei lá em Timor, junto da minha companheira que me aguarda, segundo ela com “umas flores”.
Já em Díli...
A minha chegada foi carregada de uma intensa tensão de chegar depressa, depois de ter entrado no terceiro avião em Singapura, uma viagem de 4horas e pouco, tal como os outros voos, muito pontual.
à chegada uma pequena comitiva esperava por mim, a irmã Olívia, a minha, dois padres jesuítas, um deles com 90 anos registou com a sua máquina o momento, uma timorense ilustre pela sua simplicidade e um outro timorense que ajudou a carregar a bagagem, especialmente a mala pesada que veio toda estraga e partida com tantas voltas que deu na longa viagem. Fui também recebida com muita chuva e muito calor, graças a Deus!
Aqui em Díli, ficámos no centro juvenil Padre António Vieira, acolhidas de forma extraordinária e com um sorriso em casa pessoa que me viu chegar, isso tocou-me muito. Claro o cansaço era muito, a confusão do fuso horário deixou-me toda baralhada, mas após a refeição da noite dormi até de manhã sem qualquer problema, até porque a exaustão era muito grande!
Hoje logo pela manhã desloquei-me á nossa embaixada portuguesa para tratar do visto e cumprimentar o senhor embaixador de Portugal, que nos recebeu com muita simpatia e delicadeza. O dia foi passado com a irmã Olívia, a companheira da nova jornada, visitando a cidade, fazendo umas pequenas compras e tomando conhecimento da realidade desta bela cidade também muito marcada pela destruição e pobreza no povo de Timor. Enfim como devem imaginar já tirei imensas fotos e tinha intenção de vos mandar as de hoje mas já não vou conseguir fazê-lo por ser muito tarde e amanhã tenho de me levantar cedo, mas fica prometido amanha mando as de hoje e as de amanhã e contou-vos como correu estes primeiros dois dias.
Então até amanhã.
Um saudoso abraço e uma boa noite.
Ir Cristina Macrino

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Anchilo


Anchilo é um centro catequético dos padres combonianos a cerca de 20 kms de Nampula, da estrada que vai para Nacala/ilha de Moçambique, aberto para encontros de formação e retiros de espiritualidade.
Cheguei a Ancillo no dia 2 de Janeiro de 2012 para orientar o retiro às missionárias da Companhia Missionária, subordinado ao tema: Profecia. Laicidade. Secularidade. Vieram de Nampula, de Quelimane e de Maputo.
O centro é constituído por uma casa central e, depois, mais de quarenta casas no meio das árvores, tendo cada um delas três, quartos individuais. Assusta um bocado, porque é tudo escuridão e podem aparecer bichos de que não gostamos muito. Então, quando não há luz nos quartos, a situação é ainda um pouco mais complicada.
Depois de nos colocarem nos quartos (a mim coube-me uma casa no meio das árvores, autêntica floresta), lá fomos para a missa inicial, na igreja, cheia de formigas voadoras, autêntica peste. As mais pequenas chamam-se térmitas; as maiores chamam-se npepe e depois de voarem 10 minutos, perdem as asas, e caem e pouco depois morrem. Estas grandes servem para cozinhar com arroz e têm o sabor a marisco. Dizem os entendidos.
Onde estão os fósforos?
Disse à missionária italiana Lisetta para acender a vela. Veio à sacristia procurar fósforos. Abre gaveta, fecha gaveta… não encontra. Diz-me ela: somos nós as velas. Sim. Mas acesas ou apagadas?
Não é que olho para a vela no altar e a caixa de fósforos está ali mesmo ao lado. Lisetta! Afinal, fomos tão longe à procura de fósforos e eles estão mesmo aqui à mão.
Pois, ou se procura as coisas onde estão ou é inútil procurá-las.
Horários…
Sr Padre, gostávamos de confissões?
- A que horas? Às 10h ou às 11h?
- Preferimos às 10.00h, mas vamos perguntar aos padres a que horas podem vir ajudar a confessar.
- Ok.
- Os padres podem vir confessar na 6ª feira às 11h
- Ok.
- No dia seguinte, às 10.00h estavam os padres para confessar.
- Mas não era às 11h?
- Sim, disse a Lisetta.
- Às 11h, começamos e não vieram os que diziam que vinham às 11h.
- Só pelo meio dia, depois de tudo ter terminado, apareceu um padre disparado a pensar que ainda encontrava a igreja aberta e pessoas para confessar.
- Já acabamos as confissões e as cerimónias. Dissemos às 11h. É meio dia.
Compromissos…
Mas o mais interessante mesmo foi o último dia do retiro. Pelas 11h, na adoração, quatro jovens raparigas (Ana Rita, Lurdes, Isabel e Adelaide) assumiram publicamente o compromisso de fazerem uma caminhada, em ordem ao discernimento para vida consagrada secular. Sabes o que é a vida consagrada secular? Não?
Já, na eucaristia da tarde, duas jovens (Laina e Dalaina) assumiram o compromisso de fazerem um biénio de formação. Seguiu-se a renovação dos votos da Julieta, Helena e Gabriela. Cerimónia simples, mas significativa, pelos vários compromissos assumidos.
Adérito Gomes Barbosa, scj
Nampula, 9 de Janeiro de 2012