terça-feira, 31 de julho de 2012


Envio Missionário





Seguem viagem para Alto Molócuè hoje, dia 31 de Julho 6 voluntários madeirenses acompanhados pelo pe. Juan Noite. Durante um mês irão desenvolver várias atividades no Centro Juvenil Padre Dehon e nas comunidades adjacentes à Missão Dehoniana de Molócuè.
No passado domingo, dia 29 de julho, realizou-se no Colégio Missionário a missa de envio deste grupo de voluntários. Uma celebração simples num ambiente acolhedor e familiar onde se juntaram amigos e familiares dos voluntários que estão de partida bem como vários voluntários e colaboradores da ALVD. A juventude dehoniana também se solidarizou preparando os cânticos para a eucaristia.

Esta celebração ficou marcada pela muito estimada “presença-surpresa” do Superior Geral dos sacerdotes dehonianos – pe. Ornelas Carvalho bem como pela presença do pe. Carlos Lobo – superior da Província Dehoniana de Moçambique que presidiu à eucaristia. De férias na Madeira o Pe. Luciano, colaborador da ALVD desde a primeira hora, também fez questão de estar presente neste momento especial.


Após a missa houve espaço para um convívio de despedida entre todos.

O trabalho desenvolvido pelos voluntários ao longo do mês de agosto irá, na medida do possível, ser publicado num blog especialmente criado para o efeito:


Nós que por cá ficamos, acompanhamo-los com a nossa oração, esperando que possam cumprir da melhor forma o seu projeto, lembrando sempre que, como nos disse o Pe. Ornelas na celebração de envio, a nossa mais importante missão é a de ir ao encontro do outro, a de chegar perto. Foi essa a missão do filho de Deus que veio ao nosso encontro, que se fez homem, Emanuel – Deus connosco. É essa a nossa missão.

Elisa Freitas

segunda-feira, 30 de julho de 2012



VOLUNTÁRIOS DEHONIANOS DE CARNAXIDE JÁ EM LICHINGA




Esta manhã quando ia celebrar missa à Idanha, resolvi tentar ligar ao estudante religioso Jorge dos dehonianos que juntamente com outro estudante religioso de Alfragide estão com mais quatro voluntários em Lichinga.
Não é que me atenderam? Chegaram bem. Foram bem recebidos em todas as comunidades dehonianos. E agora estavam coma Ir Maria José das Teresianas, portuguesa de Guimarães, que é a nossa interlocutora em Lichinga.

Este grupo vai para Metangula, povoação junto ao lago Niassa que tem muitas carências e necessidades. Esperamos pelas crónicas e notícias deles para sabermos mais sobre Metangula.
P.Adérito Barbosa scj

sexta-feira, 27 de julho de 2012



JUDITE


Por Adérito Gomes Barbosa, scj

Introdução

O livro de Judite insere-se nos livros deuterocanónicos: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico (ou Sirácide), Baruque, I Macabeus e II Macabeus, e também alguns trechos de Ester e de Daniel. Este é um dos 7 livros que não estão nas bíblias protestantes. Este livro é um bom espelho da era dos macabeus. É como o livro de Tobias e Esdras, centrado à volta de um personagem principal com muitos detalhes, a salvação de Deus numa situação crítica.
O livro de Judite tem nome de uma mulher e narra a libertação do país de Judá e da cidade santa atacada pelo inimigo, rival de Deus, através da intervenção de uma mulher judaica.
Desenrola-se em Betúlia, pequena cidade palestina, situada na Samaria, perto de Dotaim, na planície de Esdrelon.
Este livro remete para acontecimentos contemporâneos da sua redacção, isto é, a resistência dos macabeus (167 – 164 a. C.) ao tirano grego Antíoco IV, no século II antes de Cristo.
A heroína deste livro vem na continuidade da linhagem de outras personalidades tais como Jael ou David, cuja grandeza é resumida numa frase: Deus escolhe o que é fraco neste mundo para confundir os fortes (1Cor 1, 27).
O nome Judite (Gn 26,34) foi escolhido, por causa da sua significação: judia. Judite, concorrente de Jael (Jz 4, 17-22), é o tipo de verdadeira filha de Israel. No canto de triunfo, ela fala como a nação personificada.

I. Conteúdo

Há quem divida o livro em: situação de perigo para os judeus (1,1-7,32); libertação dos judeus (8,1-14,10); a vitória (14,11-16,25). No entanto, nós apresentamos outra divisão.
Na primeira parte (cap. 1 a 3), é descrito poder do exército assírio ao serviço de Nabucodonosar. Portanto, a primeira parte põe em causa o poderio de Nabucodonosar  até às portas da Judeia (1,1-7,32). O texto apresenta-nos Nabucodonosar, rei dos assírios em Nínive. Atenção que Nabucodonosar reinou de 605 a 592 a. C., não em Nínive, destruída a 612 a. C., mas na Babilónia (2 Re 24,25). Este continua as suas vitórias, através do general Holofernes. Só os judeus (Judeia), sustidos pela fé em Deus, apresentam resistência (4, 1-8), acabado de chegar do exílio.
Na segunda parte (cap. 4 a 8), é apresentada a opressão, que os israelitas ameaçados pelos assírios vão sofrer. Conscientes do grande perigo, os fiéis de Yavé dirigem-se a Deus com oração e com jejum (4, 9-15).
Holofernes é posto ao corrente da situação histórica, religiosa e militar do povo hebraico por um amonita: Aquior. Este refere que este povo está protegido por Deus e será invencível se lhe for fiel (5,5-21). Tenta entrar em Betúlia para alcançar a Judeia (4,6-7) e descer depois para o Egipto.
Betúlia, cidade situada na planície de Esdrelon, é cercada, e os seus habitantes têm de passar fome e sede. Holofernes estava convencido de que Nabucodonosar era o único Deus e que a sua força iria vencer um povo desarmado.
Nabucodonosar julga-se um deus todo-poderoso. Nabucodonosar manda destruir os bosques sagrados e os lugares de culto aos deuses locais. Nabucodonosar revindica para si, só para si, a adoração e a invocação de todos os povos da terra (3,1-10).
A atitude de Holofernes gerou um grande medo nos habitantes da Judeia, regressados há pouco do cativeiro.
Neste momento, aparece em cena Judite (capítulo 8,1-8), a viúva judaica que encoraja os cidadãos à resistência e promete a libertação, ao conversar com o governador Ozias e os anciãos. Ela reprova os chefes pela sua falta de confiança em Deus. Como Job, os anciãos de Betúlia erram ao discutir os desígnios de Deus. A religião do povo eleito está em perigo. Há ordem para destruir o culto local e erigir o culto a Nabucodonosar (3,6;6,2-4).
A terceira parte (cap. 9 a 16) apresenta a aventura de Judite que decapitou Holofernes.
Judite era viúva de Manassés. Ela reza. É Deus que a vai ajudar. Com a sua beleza e um discurso convincente, ganha admiração e confiança do general (11,1-12,9). Aceita festejar com ele e com os oficiais (12,10-20). Holofernes deixou-se encantar pela beleza física de Judite. Depois de um grande banquete, altura em que Holofernes queria seduzi-la, fica só com Holofernes bêbado e adormentado (13,1-3). Judite corta-lhe a cabeça com a sua espada, mete-a num saco e, de noite, foge do campo assírio, levando a cabeça de Holofernes para a sua cidade de Betúlia. Na cidade, todos ficam admirados e cheios de alegria (13,4-20).
No dia seguinte, os judeus tentaram fingir um ataque. Os assírios correm para Holofernes. Ao vê-lo morto, desencorajados, tentam fugir, mas os hebreus massacram-nos e matam-nos. (14,5;15,7).
Todo o povo vai a Jerusalém para agradecer a Deus (15,8-16,20).
Vendo este facto, o pagão Aquior converte-se ao Deus de Israel. Aquior em hebraico significa o meu irmão é luz. Grandes honras são feitas a Judite em Betúlia e Jerusalém.
Graças a esta vitória, o povo gozou uma grande paz. Judite conseguir chegar a uma idade avançada.
Nabucodonosar e Holofernes simbolizam o poder pagão antidivino e antiisrael. Judite personifica o povo fiel a Yavé. Ao lutarem contra a Judeia, Nabucodonosar e Holofernes estão a lutar contra Deus.
Mais do que defender a Judeia, os judeus querem salvaguardar Jerusalém e o templo (4,3-10) e recorrem à súplica e à penitência (4,12-17; 6,17-21; 8,10-16), renovam a sua confiança em Deus (8,21-27; 9,12-19; 13,7), observância da lei e da aliança (8,16-20; 9,18).
Yave estabelece o domínio divino sobre toda a terra (16,2-21).
A força de Nabucodonosar, a luxúria e a bebedeira de Holofernes contrastam com a fragilidade da mulher (Judite).
As cenas mais importantes apresentam-se de noite: encontro de Judite com Holofernes, a decapitação e a apresentação dos troféus de vitória à luz dos fogos.

II.  Autor e data

O livro é de autor desconhecido. Trata-se de um judeu que escreveu na Palestina, até ao ano 150 a. C. O conhecimento que o autor tem dos costumes gregos (3,7) e o assento que coloca nas prescrições legais, leva a sugerir esta data tardia (15,3).
Era um sábio nutrido pela Sagrada Escritura. A acção desenvolve-se de forma unitária, progressiva e dramática.
O autor procura apresentar o poder de Yavé, oposta à soberba humana incarnada no assírio.
A data da composição do livro parece ser do século II a. C. ou início do primeiro.
O relevo dado à libertação dos inimigos e a insistência na observância da lei indicam que a obra se situa no período macabeu, quando o povo judeu tinha necessidade de ser encorajado na resistência e na luta político religiosa contra a opressão seleucida.
O autor convida à confiança mais filial do que o livro de Job.

Convém situar o livro de Judite no contexto da revolta dos macabeus: 153 a.C.?

III. Mensagem

A grande mensagem do livro é que Deus salva o seu povo na adversidade. É a confissão e a proclamação de Yavé como único Senhor da história. É o Deus de Israel. É o protector do seu povo contra as forças adversas. A fidelidade, a confiança e o agradecimento são três pontos importantes para esta mensagem.
Mostra-nos como Israel domina todas as dificuldades, quando obedece ao Senhor. Éa história de uma vitória do povo eleito contra os seus inimigos, graças à intervenção de uma mulher.
Há uma série de verdades neste texto: proclama-se a Providência de Deus para com o seu povo, a omnipotência e a sabedoria de Deus, a dor e o sofrimento como prova, assim como o valor do jejum, da oração e dos actos de penitência.
O fundamento desta mensagem encontra-se nos versículos 9,11: Deus protege os humildes e salva os desesperados. Os humildes são o povo de Israel ameaçados pelos poderosos inimigos pagãos. Nesta situação, como já aconteceu no Êxodo do Egipto, Deus vem em auxílio do seu povo e liberta-o. O importante é que Judá se mantenha fiel a Deus, observe as suas leis e espere dele a vitória. O verdadeiro Deus é Yavé e não Nabucodonosar.
Nabucodonosar, rei da Babilónia (604 – 562 a.C.) nunca foi rei da Assíria nem de Nínive, destruída pelo seu pai a 612 a.C. Holofernes é a síntese das potências do mal.
Nesta obra, os títulos dados a Deus sublinham a omnipotência de Deus e a majestade divina: Senhor omnipotente (4,13), Deus de cada potência e força (9,14), Deus altíssimo (13,18), Deus do céu (5,8), criador do céu e da terra (13,18), rei da criação (9, 12), Deus dos pais (13,7).
A figura de Aquior atesta a abertura do judaísmo macabeu aos estrangeiros. O nome Aquior significa meu irmão e luz. Como amonita, pertence a a um povo vizinho de Israel, situado a leste do Jordão. Aquior é membro de um povo pagão que infringiu muitos sofrimentos ao povo de Israel. Mas ele confessa a fé do povo eleito e vem agregado ao povo de Deus. Assim demonstra-se como um não judeu, membro de um povo (amonita) tradicionalmente inimigo, possa participar na eleição do povo de Israel. É esta a teologia concreta da universalidade da salvação.
Judite apresenta-se como uma mulher decidida, sábia, devota e observadora da lei. Pratica o jejum e vive a oração (8,5), muito bonita (8,7), muito rica (8,7), muito inteligente (8,29), sábia e habilidosa (10,19), administradora dos seus bens (8, 10), bem comportada (8,8), influente (8,10), desinteressada (16,19). Devia lutar contra a fraqueza dos seus cidadãos e contra o exército de Holofernes. A sua atitude profundamente religiosa e a sua grande confiança em Deus contrapõe-se contra os temores do governador Ozias e os anciãos da cidade. Judite significa judia e representa a causa de Deus, identificada com a da nação. Deus promove o seu triunfo pelas fracas mãos de uma mulher e o povo santo sobre a Jerusalém. A vitória de Judite recompensa a sua oração, a sua observância escrupulosa às regras da pureza legal.
A jovem Judite ficou viúva jovem e não aceitou outros pretendentes.
O livro de Judite é uma magnífica apresentação do governo de Deus. Judite por vezes é comparada a Maria.
Betúlia. Não se conhece nenhuma cidade com este nome. Trata-se de uma localidade imaginária, situada na estratégica plana de Esdrelon, cuja posição bloquearia a passagem de todos inimigos tradicionais de Israel que se dirigiam para a cidade de Jerusalém. É o lugar em que o Povo de Deus e os poderes deste mundo travam uma luta inevitável e decisiva.

IV.       Género literário e versões linguísticas

Este livro não é histórico, nem um romance histórico. É um relato didáctico cuja preocupação é a Providência de Deus.
Expõe uma doutrina cujas raízes se fundamentam no facto histórico da intervenção divina na história humana, através do acontecimento do Êxodo.
A narrativa é um midrash, onde pode ser real e tratado com muita liberdade, ampliado por novos episódios inventados, aludindo a textos bíblicos.
Como dizíamos, não é um livro histórico, mas metahistórico, porque os factos ou personagens reais fazem parte de épocas diferentes. Por exemplo, põe Nabucodonosar a combater Arfaxad que não se sabe quem é. A cidade de Betúlia, o sumo sacerdote Joaquim, a própria Judite não aparecem em mais lado nenhum do Antigo Testamento.
Servem para descrever uma lei constante da história do povo eleito: a obra opressora das potências antidivinas e a salvação de Yavé pelo seu povo.
O autor deu nomes fictícios às personagens. Não se sabe porquê. O nome de Judite é judia, expressão frágil e desamparada do próprio Israel sob a ameaça dos inimigos.
O texto original de Judite perdeu-se e provavelmente e estava escrito em hebraico e não em aramaico. Chegaram até nós textos em grego, siríaco e arménio e latim nem sempre concordantes.
Actualmente, existem três textos hebraicos do livro de Judite: dois midrashim (um maioir e um menor) e o texto do código de Gaster do século X ou XI depois de Cristo. Supõe-se que estes textos sejam versões do original aramaico e não do grego ou da Vulgata.
O texto mais antigo existente é a versão grega.

V.    Canonicidade

O livro de Judite pertence aos deuterocanónicos, faz parte daqueles livros sagrados cujo cânone foi colocado em dúvida. Não estava incluído no cânone hebraico palestino. Só numa segunda etapa foram reconhecidos universalmente pela Igreja.
Desde o primeiro século que os padres apostólicos e os padres da Igreja citam e utilizam a narração de Judite como Escritura inspirada.
Os concílios gerais de Florença, o Concílio de Trento e o Vaticano I eliminaram qualquer dúvida sobre o cânone deste livro. A canonicidade foi definitivamente reconhecida no Concílio de Trento.

VI.   Oração de Judite 9,1-14

A oração do capítulo 9 distingue-se pela densidade do conceito, pela inspiração do sentimento e pela harmonia da oração.
9 Oração de Judite - 1Então, Judite prostrou-se por terra, cobriu a cabeça de cinza, despiu as vestes de saco que trazia vestidas e, no preciso momento daquela tarde em que estava a ser oferecido o incenso na casa de Deus em Jerusalém, Judite invocou o Senhor em voz alta, dizendo: 2«Ó Senhor, Deus de meu pai Simeão, em cuja mão colocaste a espada para tirar vingança dos estrangeiros que desnudaram a cintura de uma virgem para a profanar, pondo à vista a sua coxa, para a envergonhar e contaminaram o seu ventre para a desonrar. Apesar de teres dito: ‘Isso não se deve fazer’, eles fizeram-no, mesmo assim. 3Por causa disso, entregaste os seus chefes para que fossem massacrados e o seu leito, envergonhado por causa da ignomínia por eles praticada, para que fosse manchado de sangue. Tu abateste escravos ao lado de príncipes e os príncipes nos seus tronos. 4Entregaste as suas mulheres como presa e as suas filhas para o cativeiro, todos os seus bens, para serem divididos pelos teus filhos bem amados, zelosamente amados por ti; abominaste a contaminação do seu sangue e eles invocaram o teu auxílio.
Ó Deus, meu Deus, ouve-me também a mim, uma viúva!
 5Porque fizeste todas estas coisas, as passadas e as que se seguiram; meditaste as coisas presentes e as que hão-de vir e o que tinhas no pensamento chegou à existência. 6Os acontecimentos que tinhas decidido apresentaram-se e disseram: ‘Eis-nos aqui.’ Porque todos os teus caminhos foram preparados de antemão e todos os teus juízos com conhecimento prévio. 7Os assírios vieram com toda a sua força, orgulhosos do poder dos seus cavalos e cavaleiros. Vangloriando-se do poder dos seus soldados de infantaria, puseram a sua confiança no escudo e na espada, no arco e na funda e não sabem que Tu és o Senhor que esmaga as guerras. 8O teu nome é Senhor! Destrói o seu vigor com a tua força e abate a sua força com a tua ira. Eles planearam espezinhar os teus lugares santos, profanar a tenda onde repousa o teu nome glorioso e destruir a haste do teu altar com a espada. 9Observa o seu orgulho, envia a tua cólera sobre as suas cabeças e dá-me a mim, uma viúva, a força para fazer o que planeei. 10Pela mentira dos meus lábios, abate ao mesmo tempo o escravo e o príncipe, e o príncipe com o seu servo; esmaga a sua arrogância pela mão de uma mulher. 11Pois a tua força não depende do número nem o teu poder depende de homens valorosos; Tu és o Deus dos humildes, auxiliador dos oprimidos, sustentador dos fracos, protector dos abandonados, salvador dos desesperados. 12Sim! Ó Deus de meu pai e Deus da herança de Israel, Senhor do céu e da terra, criador das águas, rei de toda a tua criação, atende o meu pedido 13e faz com que a minha mentira fira e esmague aqueles que fizeram esses projectos contra a tua santa aliança e a tua morada santa, o cume de Sião e a morada dos teus filhos. 14Faz com que todas as nações e todas as tribos reconheçam que Tu és o Deus detentor de todo o poder e que mais nenhum outro guarda Israel, senão Tu.»

2.      Comentário

A oração é composta por quatro partes: pedido de ajuda a Deus (v.2-4), ao Deus da história (v.5-6), pedido da sua intervenção, centrada nos assírios (v.7-10), reconhecimento de Deus como protector de Israel (v.11-14).

9,1-14: Judite prepara-se para agir. A sua oração mostra o ponto central de todo o livro: o confronto entre a força do Deus libertador e o poder dos opressores. O autor refere-se muitas vezes a Jerusalém, ao Templo, ao culto ao Sumo Sacerdote (9,1). De início (vv. 2-6), é relembrado o caso de Dina (cf. Gn 34), porque Judite arriscará a honra pessoal para libertar o seu povo. A sua oração mostra que o Deus de Israel é aquele que toma o partido dos pobres e dos fracos, e assim manifesta a própria força, destruindo os poderosos. Estes disfarçam a própria fraqueza atrás de exércitos e armas, que usam para oprimir o povo.
A oração de Judite é uma busca de discernimento: ela quer saber como deverá agir. Pede que Deus a torne extremamente sedutora, porque é com a arma da sedução que ela chegará à vitória. Em outras palavras, o povo fraco e pobre não enfrenta os poderosos com as mesmas armas. Precisa descobrir, através da astúcia, o ponto vulnerável dos opressores, para «feri-los mortalmente». É assim que o povo conseguirá desmontar todo o aparato inimigo e chegar à vitória.
Vendo a eficácia da luta dos fracos e pobres, todos poderão reconhecer que o Deus invencível está do lado deles, construindo uma história nova.
v.1. Este versículo mostra a atitude de Judite que se prepara para a sua missão com uma recolhida oração a Deus. O rosto por terra é uma atitude de humilde súplica. É uma atitude de luto, com gestos e sinais de luto com o saco, traje de penitência, pêlos de cabra ou camelo que deixava a descoberto o pescoço e as pernas. A sua oração é a oblação da tarde. Então prepara-se para a sua grande missão com humildade e com oração. É o contexto da oração judaica: praticam a religião com o louvor sagrado (14,21;15,13-15;16), com as súplicas (9, 16; 12,6), com a oração (6,6; 7,19-21; 13,7.26), com os jejuns e a penitência (4, 8.12).
É colocado ao centro Jerusalém. Só depois vem Betúlia. Gritou ao Senhor, manifestou os seus sentimentos.
v.2. Os sentimentos de ódio colocados na boca de Judite contra os inimigos são os habituais dos judeus após o exílio (Ecl 50,27; 17,14), especialmente no tempo de Antíoco IV, quando eram ameaçadas injustamente as instituições hebraicas e a fé em Yavé.
v.3. O engano é um tema importante no episódio de Diana e aqui no de Judite (9,10.13; 12,16;16,8). Os inimigos são acusados de vilões. Judite pede uma linguagem de engano para abater os inimigos poderosos.
v.4. A expressão: os teus filhos amados indica o amor de Deus para com o seu povo (Ex 4,22; Os 11,2).
v.2-4. O Deus de Simeão. A invocação ao Deus de Simeão invoca a violação de Diana, filha de Jacob e os culpados ((Gn 34).
v. 5. Profunda confissão de fé em Deus. Deus cumpre todas as coisas.
v.6. Deus conhece, prevê, organiza e realiza tudo o que acontece na história.
V.5-6. O Senhor da história. Deus é o Deus da história, o Deus do passado, do presente e do futuro.
v.7-9. A omnipotência de Deus é colocada em contraste com a presunção dos inimigos do povo eleito que põem confiança no poder militar.
A presunção dos pagãos arrogantes por causa da sua força militar foi sempre um escândalo para Israel e razão para esperar com confiança a ajuda de Deus.
v.7-10. Súplica, onde desvela o seu plano. Como pode ela que é fraca, símbolo de uma nação desarmada vencer os poderosos?
v. 11-14. O protector de Israel. Enumera os atributos de Deus: Deus dos humildes, rei da criação, Deus de meu Pai, Deus da herança de Israel.

VII.            Cântico de Judite 16, 1-17

O cântico do capítulo 16 é uma das melhores composições poéticas da literatura hebraica pela riqueza do ímpeto lírico, jogo de contrastes e unidade de concepção. Da exaltação de um facto particular, o autor passa progressivamente a enunciar os princípios gerais que ilustram os fundamentos da história da salvação, até chegar a uma perspectiva escatológica.

1.      Texto bíblico

16 Cântico de Judite (Jz 5,2-21) - 1Disse Judite: «Entoai um cântico ao meu Deus com tamborins, cantai ao meu Senhor com címbalos, cantai-lhe um salmo novo, exaltai-o e invocai o seu nome, 2porque Deus é o Senhor que esmaga as guerras, porque me reconduziu ao seu acampamento, no meio do povo, e me arrancou às mãos dos meus perseguidores. 3Os assírios vieram das montanhas do Norte, com miríades dos seus guerreiros, a sua multidão cobria os vales e os seus cavalos cobriam as montanhas. 4Ameaçou queimar o meu território, matar os meus jovens à espada, deitar por terra as minhas crianças de peito, fazer das minhas crianças presa sua, e raptar as minhas virgens. 5Mas, o Senhor todo-poderoso fez-lhes frente pela mão de uma mulher. 6O seu homem valente não morreu às mãos dos jovens, nem foram os filhos dos Titãs que o derrotaram, nem foram os gigantes que o venceram, mas sim Judite, filha de Merari, que o derrotou com a beleza do seu rosto. 7Ela tirou o seu vestido de viúva, para exaltar os oprimidos de Israel. Ungiu o seu rosto com perfume, 8segurou o cabelo com uma tiara e vestiu um vestido de linho para o seduzir. 9A sua sandália encantou os seus olhos, a sua beleza cativou o seu espírito e a espada cortou-lhe o pescoço. 10Os da Pérsia tremeram por causa da sua audácia e os da Média ficaram perturbados com a sua coragem. 11Então, os meus humildes soltaram gritos de guerra, o meu povo fraco gritou e os inimigos tremeram; levantaram as suas vozes, e o inimigo retrocedeu. 12Os filhos das servas trespassaram-nos, feriram-nos como filhos de fugitivos, pereceram diante do exército do meu Senhor. 13Cantarei ao meu Deus um cântico novo. Senhor, Tu és grande e glorioso, maravilhoso em poder e invencível. 14Que todas as tuas criaturas te sirvam, já que disseste e elas foram feitas. Enviaste o teu espírito e as formaste, e ninguém pode resistir à tua voz. 15O tumulto das águas sacudirá as montanhas nos seus alicerces e os rochedos fundirão como cera diante de ti. Mas Tu continuarás a mostrar a tua misericórdia àqueles que te temem. 16Pois é pouco todo o sacrifício e oferta de odor agradável, e toda a sua gordura é nada para o teu holocausto; mas, aquele que teme o Senhor será grande para sempre. 17Ai das nações que se levantaram contra o meu povo! O Senhor todo-poderoso vingar-se-á delas no dia do juízo, enviará o fogo e os vermes sobre a sua carne e chorarão de dor para sempre.»

2.      Comentário

Nesse momento, Judite entoou um hino de de acção de graças (15,14). Acção de graças que abrange dezassete versículos (16,1-17).
No canto de triunfo, ela fala como a nação personificada.
O poema é um salmo hino e dá-nos a lição de que só os que temem ao Senhor podem ser grandes em todas as coisas.
É interessante confrontar o cântico de Judite com o de Débora (Jz 5,2-31).
Então é o hino de agradecimento, pronunciado por Judite na solene celebração da vitória. É um dos mais belos textos líricos pela dramaticidade do conteúdo, pela viveza da expressão, O hino é comparado ao de Miriam (Ex 15), ao de Débora (Jz 5) e ao cântico da Ana (1 Sam 2, 1-10).
Sintetiza a história de Israel em cinco pontos: convite a celebrar Deus, o que socorre o povo
- (v.1-2 ). O versículo começa com entoai um cântico. É uma exortação. O modelo desta acção de graças deve procurar-se em Moisés (Ex 15). Outro modelo é o cântico de Débora (Jz 5, 1-31). O versículo 1 começa como os salmos de louvor. É um início semelhante aos hinos do saltério. No v.2. Deus é considerado presente de uma forma invisível mas eficaz no meio do seu povo.
- (v.3-4), invasão do exército inimigo
- (v.5-9) a tarefa de Judite
- (v.10-12), a fuga do inimigo. A última estrofe contém um convite repetido a louvar Deus, criador e soberano, diferente da história do seu povo. Aparece a metáfora do acampamento divino. O assírio é a personificação do inimigo.
V.3-12. Louvor ao Senhor da história. Podemos dividir este texto em três estrofes:
. v.3-5. Orgulho e humilhação dos assírios.
. v. 6-10. Vitoria de uma mulher, Judite.
. v.11-12. Vitória dos fracos.
V. 16-17. Louvor ao Senhor da criação.
V. 16-20. Festejos em Jerusalém. O cântico dá lugar ao culto já agora em Jerusalém. A adoração não se dirige a Holofernes, mas a Deus.
Discurso de Aquior (5,5-21)
Este divide-se em exórdio, cospo do discurso e peroração.
Exórdio v.5. Convite à atenção, à escuta. É uma confissão de fé na boca de um pagão.
Corpo do discurso v.6-19.  Aqui mantiveram-se os nomes topográficos como etapas da peregrinação de um povo sempre em marcha. A compreensão dos milagres é a adoração do povo a um Deus dos céus (5,8).
Peroração (v20-21).  Holofernes quer levar toda a terra a adorar Nabucodonosar . Só o pecado de Israel pode ser um trunfo para Holofernes. O Deus de Israel é mais forte do que Nabucodonosar.
Ira de Holoferenes (v.5.22-6,13).
O discurso de Aquior provoca murmurações no meio dos oficiais.  Holoferenes faz também um discurso no sentido de que não há nenhum Deus maior do que Nabucodonosar. Manda entregar Aquior aos filhos de Israel em Betúlia (6,13).

Sugestões bibliográficas
José Nunes Carreira (1973). O género literário de Judite e os Macabeus. Separata da Didaskalia. Volume III.
Daniel Doré (2007). O livro de Judite. Lisboa: Difusora Bíblica.
John L. Mackenzie (1984). Dicionário Bíblico. S. Paulo: Paulinas
Carlos Lino de Seabra (1996). As mulheres bíblicas. Lisboa: S. Paulo.
S. Virgulin (1979). Giuditta. Roma: Paoline.


quinta-feira, 26 de julho de 2012


ENVIO DE VOLUNTÁRIOS DEHONIANOS DA PARÓQUIA DE CARNAXIDE

Foi no domingo, dia 22 de Julho de 2012, que teve lugar, na Igreja de S. Romão de Carnaxide, mais uma cerimónia de envio de um grupo de Voluntários Dehonianos – o grupo do “Projecto Missionário RUAH” desta paróquia. 
A cerimónia foi presidida pelo Pe Luciano Vieira, responsável por este grupo, e que não os poderá acompanhar até terras de Moçambique por razões de saúde. Esteve também presente, o Pe Adérito Barbosa, presidente da ALVD.
A cerimónia decorreu durante a celebração da eucaristia dominical das 19.30h. Na presença da comunidade cristã, o Pe Luciano referiu que este grupo parte em missão de evangelização, em nome de uma comunidade que o envia, e à qual terá de “prestar contas” no seu regresso. Ouvimos ainda as palavras do Pe Luciano, sobre a importância de estarmos disponíveis para os outros, independentemente da distância que nos separa.
A celebração teve o seu ponto alto com a chamada de cada elemento, a leitura do compromisso missionário e a entrega da Cruz Dehoniana em pau-preto.
O grupo parte no final do mês de Julho. O grupo liderado pelos estudantes religiosos dehonianos Jorge e Eduardo estará na Paróquia de Nossa Senhora da Assunção do Lago em Metangula, na província do Niassa, no Norte de Moçambique.
O Casal Domingos e Fátima irá para Viana, em Angola, trabalhar em conjunto com a Missão Dehoniana local.

Acompanharemos a sua presença no terreno durante o mês de Agosto e aguardamos no seu regresso a partilha da sua experiência.

Paula Franco

quarta-feira, 11 de julho de 2012




CERIMÓNIA DE ENVIO DE LEIGOS DEHONIANOS

Nesta sexta-feira, dia 13 de Julho de 2012, pelas 21.00 h, na Capela do Seminário Nossa Senhora de Fátima, faremos uma pequena cerimónia de envio dos leigos dehonianos. Estarão presentes voluntários de Carnaxide que irão para Metangula (Moçambique) e Viana (Angola), assim como os dois grupos que irão para Lichinga: escolinhas e alfabetização. Teremos presente na oração também os três seminaristas de Coimbra que partirão para Viana (Angola) com o P. Humberto, assim como os seis voluntários da Madeira que, com o P. Juan irão para o Alto Molócuè.
Presidirá a esta cerimónia, o superior Provincial, P. Zeferino Policarpo.
A presença de todos é solidariedade nesta oração, uma grande força para a missão destes voluntários.
Esperamos por vós.
Depois teremos um chá e um breve convívio.
P. Adérito Barbosa
Coordenador da ALVD