quarta-feira, 28 de novembro de 2012

DE TIMOR


Caríssimos amigos, família e irmãs
Este é um tempo favorável à nossa avaliação existencial. Sei que a vida é uma permanente corrida e luta contra mil e um fatores para viver e sobreviver com tantos limites que aparentemente nos condicionam, que nos fazem sentir uma certa depressão comum como se estivéssemos esquecidos, nesta condição humana, sem desejarmos grandes ambições, não que as não queiramos mas porque o tempo não está propício para esses desejos.Mas reafirmo que este é um tempo de reavaliação ao que somos e vivemos, não ao que temos e fazemos. O mês de novembro transporta- nos para a Vida depois da vida, para quem crê é claro, recordamos os que amámos, prestamos-lhe homenagem e pensamos quase de forma inevitável que a qualquer momento seremos nós a partir.
 No dia de Todos os Santos na RTP Internacional alguém explicava com entusiasmo quem eram os Santos: todos aqueles que viveram bem e que conseguiram deixar com o seu exemplo uma memória eterna ficando no coração de todos nós. Afinal cada um de nós tem os seus santos, concluiu que o melhor era mesmo tratarmos de ser alguém que fica no coração de muitos e ser santo!
É belo pensar nesta possibilidade eterna, marcar a vida dos outros e permanecer no seu coração.

No dia 2 de Novembro, em solidariedade com o nosso povo de Memo, prestámos homenagem aos que partiram e, com todos, entre cestos de pétalas benzidas na eucaristia, caminhámos até ao cemitério. Um encanto, estranho encanto para mim. A leveza desta visita aos ente queridos era como uma visita aos próprios vivos na memória e que recebiam as pétalas de todas cores, de todas os seus familiares de todas as idades, sem lágrimas, sem a dureza habitual do ambiente que suscita a própria morte; uma partilha estendida aos que vêm de fora e a nós que observámos atentamente esta experiência vivenciada cada ano por este povo que acredita realmente na unidade e na comunhão dos santos.
Tomei a liberdade de registar alguns desses quadros humanos que naturalmente sorriam à minha passagem e que com um aceno aceitavam o meu registo. Neste tempo que estamos a viver a Congregação viu partir duas pessoas, em pouco espaço de tempo, que certamente deixarão saudades e tristeza na sua ausência: a irmã Maria da Graça era uma pessoa simples e discreta, correspondia com simpatia ao nosso cumprimento e servia nas coisas mais comuns como um anjo louva a Deus e a nossa Madre Fernanda Augusta era absolutamente um tesouro escondido naquela que foi a sua longa vida de 97anos, lúcida, culta, doce como uma criança, orante, maternal, de um acolhimento divino sem fazer nunca alguma exceção de ninguém. A sua humanidade confundia os que não a queriam cultivar nem valorizar, assim como a sua incrível capacidade de estar atenta aos novos tempos e partiu nessa atitude. Lamentei e chorei as perdas, presto-lhes homenagem citando um ensinamento de um cardeal vietnamita, Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, muito conhecido e que viveu encarcerado ao longo de 13 anos numa terrível prisão do Vietnam: “ No teu apostolado, usa o único método eficaz: o contacto pessoal. Com ele, entra na vida dos outros, aprendendo a compreendê-los e a amá-los. As relações pessoais são mais eficazes do que as pregações e os livros. O contacto entre as pessoas e o intercâmbio, coração a coração, são o segredo para que a tua obra perdure e seja bem sucedida”. Fiquei tocada por dentro com o ensinamento deste asiático santo e que passou por uma provação difícil que a nossa mente nunca imaginará. Acolher e amar, esta é a herança destas nossas irmãs que agora permanecem no nosso coração e para quem nunca as conheceu; orgulho-me com amor de falar delas, vidas doadas sem correr o mundo, sem obras notadas mas vidas realmente banhadas de amor doado até ao fim.
Aqui, em Timor, no dia 12 de Novembro foi a celebração dos 21 anos do massacre em Santa Cruz - Dili e homenagem às vitimas do mesmo massacre. A maioria de nós, em Portugal, deve recordar-se bem dessa noticia em 1991, em que o jornalista Hernâni Carvalho, protegido, falava com comoção controlada as mortes e o massacre dentro deste cemitério, trágico e inacreditável, mas as imagens do jornalista inglês Max Stahl que arriscou a vida, valeu o principio do caminho para a liberdade de Timor Leste. Pessoas grandiosas que dão sem preço, que vivem pelo bem até dar a própria vida, Timor é terra de mártires, vivos e falecidos, santos em comunhão connosco. Se muitos pensam apenas no futuro e no desenvolvimento do país e a história é um passado a esquecer, para não a reviver, creio que a memória e a homenagem dos que lutaram e viveram a história não pode ser esquecida mas amada e venerada, fruto do amor de Deus por este povo.
Não quero motivar-vos a uma reflexão que vos deprima, apenas partilho pedaços de momentos que tenho também reflectido e, ao fazê-lo convosco, seremos muitos, talvez, a sentir e a ver de formas diversas todas estas coisas. Começaram as chuvas tropicais e as trovoadas intensas, quase sempre à mesma hora, pelas 14.30-15.00 horas, dizem os entendidos são chuvas cíclicas, duram umas 3 ou 4horas, inundam tudo e trazem os mosquitos que renascem das águas paradas, vale-nos o repelente e a luta vai começar contra esses malditos!
Para vós, o frio é a vossa tortura, mas quando chegar a primavera será um florescer belo das flores e do verde das colheitas, diferenças do mundo!
Um abraço amigo.

Cristina Macrino

 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012


 
Família Dehoniana Quase Total

Depois de voar mais de 10.000 kms (11 horas para Maputo e mais duas horas para Nampula), finalmente, cheguei a Nampula num avião da LAM que fazia o seu voo de inauguração Maputo – Nampula, via Beira (aqui o bispo da diocese é o arcebispo Cláudio della Zuanna, dehoniano). Batemos palmas, porque estávamos a inaugurar o avião, mas não houve champanhe. É que já tinha sido o batismo do avião na véspera numa cerimónia oficial.

Estou cá em Nampula para mais uma sessão de acompanhamento de doutoramento dos alunos na UCM. Sim. A cultura de um povo é a raiz do seu desenvolvimento. Por isso, realizamos este esforço todo.

Como fico sempre cá no bairro do pó em Napipine (em contraste com o cimento da cidade), tive o privilégio de concelebrar na missa dos crismas aqui na paróquia de S. Pedro, onde estavam presentes mais de 1000 pessoas. Os crismas eram só 300. Como as pessoas não cabiam todas na igreja, foi necessário improvisar um alpendre, para assim todas participarem dignamente.

Cerimónia que começou esta manhã às oito horas e terminou perto das 13h, exatamente neste momento que vos estou a escrever.

Cerimónia linda. Quem vem da Europa cronometrada, fica extasiado com este kairós (experiência de graça africana).

Homilia Linda, com português e macua ao mesmo tempo, em que o bispo tentava convencer que o crisma não é o fim da vida cristã, mas é preciso continuar a catequese como jovens e adultos.

Cantos Lindos, a lembrar as celebrações africanas nos Estados Unidos.

Danças Lindas no Kyrie, ofertório e ação de graças.

Cores das roupas Lindas com capulanas e lenços de todas as cores.

Ofertas das pessoas Lindas. Desde cabritos, galinhas, ovos (para matabicho), capulanas, perfumes, cebolas, ananás… Um grupo da comunidade ofereceu um envelope com algum dinheiro, dizendo que era para o bispo comprar gasolina para o carro. O bispo respondeu em tom de brincadeira, dizendo: vou pedir boleia e assim guardo o dinheiro para mim. Todos se riram. O pároco, P. Elia Ciscato, quando viu o cabrito a entrar na igreja perguntou: agora os cabritos também vão para a igreja?

É que a igreja estava a fazer de sacristia, já que a celebração foi ao ar livre. Ao fim da missa, uma mulher que estava a guardar os cabritos, as galinhas e os ovos perguntou-me pelas chaves do carro do bispo para guardar os animais. Respondi-lhe que não era o secretário, nem o motorista do bispo. Pouco convencida lá me deixou vir para casa para vos escrever estas linhas.
Quando acabou a missa, os representantes das comunidades vieram almoçar com o bispo e com os párocos.

Aí durante o almoço um velho contou uma história: um régulo mandou matar todos os velhos, porque não serviam para nada. Então uma jovem escondeu a sua avó na montanha para não ser morta. Assim todos os idosos foram dizimados.
No entanto, uma grande cobra atacou o régulo e enrolou-se nele, colocando a cabeça junto da cara do régulo.
Que fazer? Os jovens não sabiam que fazer. Então a jovem foi consultar a avó. Esta disse: apanhai muitas rãs e colocai-as perto da cobra. Assim fizeram. Quando a cobra viu as rãs, desenrolou-se do régulo e foi comer as rãs. O régulo perguntou quem teve a ideia de o salvar. Responderam que tinha sido a única velha viva. Então o régulo percebeu que os velhos são a sabedoria e necessários para a sociedade. A partir daí, protegeu e defendeu sempre as pessoas idosas.

Porque é que eu chamei a este título família dehoniana quase total?

É que o arcebispo de Nampula, D. Tomé, que estava a presidir a esta celebração é dehoniano.

O pároco e o superior da comunidade é dehoniano (P. Elia e P. Ricardo).

Um Instituto Secular aqui na paróquia chamada Companhia Missionária é dehoniano.

No mundo, temos leigos dehonianos, temos padres dehonianos, temos consagradas dehonianas, temos bispos dehonianos, temos cardeais dehonianos.

Só falta um papa dehoniano.

Nampula, hoje, dia 18 de Novembro de 2012

P. Adérito Gomes Barbosa scj

 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012


 De TIMOR
 
 
 
Oferta de Livros à Escola de Memo enviados pela ALVD

A missão das irmãs Reparadoras em Memo – Maliana entregou à Escola de Memo, manuais escolares do 1ºAno ao 7ºAno, oferecidos e enviados pela ALVD que irão beneficiar estes 14 professores que não têm livros para preparar as suas aulas e que muito gratos se expressaram com tão grande bem a fim de darem a sua melhor contribuição na educação dos 526 alunos desta Escola de Memo.
 
 As irmãs agradecem a esta Associação a oferta e todo o apoio que tem dado à missão, que será futuramente um maior enriquecimento cultural com estas ofertas e todos os livros em Portugal que aguardam transporte para Timor Leste.

Partilhar os bens com sentido de serviço, é sem dúvidas uma alegria enorme. 
 
Aos representantes da ALVD, vai um abraço de Timor Leste de cada uma das irmãs
 
 
 

 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012


De  TIMOR
Queridas Irmãs e amigos
Votos de paz, alegria e saúde para todas! Nós estamos bem, graças a Deus, apesar do intenso calor que nos visita dia e noite.
Queremos partilhar convosco um passo importante e com muito significado para nós, aqui na missão em Memo – Maliana. Ontem, dia 9 de Novembro, Festa da Basílica de S.João de Latrão, foi assinado o contrato da construção da futura residência e a bênção da primeira pedra, presidida pelo ecónomo da diocese, Pe. Norberto, na presença de alguns residentes e dos trabalhadores da empresa de construção. Foi uma celebração simples e simbólica mas invocada a bênção de Deus tem um valor grande e marca assim uma nova etapa da missão da Congregação em Timor Leste.
Pedimos a todas a oração persistente para que esta obra, agora iniciada, seja para gloria de Deus e testemunho de Cristo através das nossas vidas que nela irão residir, servir e amar em carisma reparador e ao serviço desta população de Memo.

Em anexo vão as fotografias a documentar esses momentos que partilhamos com todas, em sentido de unidade. Celebrem connosco esta nova etapa!

Um abraço a cada uma de cada uma de nós.

Ir.Olívia, Ir. Lurdes e ir. Cristina.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


APRESENTAÇÃO DA ALVD EM LISBOA
 
Reuniu, no seminário de Alfragide, presidido pelo Padre Adérito Barbosa e com a presença de Joana Padinha e Maria Helena Calado, um grupo de 10 candidatos ao voluntariado proposto pela ALVD..
Depois de um momento, orientado pela Joana, sobre o que é o voluntariado, o Padre Adérito apresentou a carta de responsabilidades que foi lida e comentada pelos presentes
Após alguns esclarecimentos mais práticos marcou-se a data do próximo  encontro para o dia 2 de dezembro de 2012 sempre à mesma hora, 15:00h às 18:00h, no Seminário de ALfragide