quinta-feira, 24 de novembro de 2011


CHAPA

Viajar aqui em Moçambique em transportes públicos chama-se ir apanhar a chapa, exceptuando os machimbombos que correspondem aos autocarros, ou então viajar em carros particulares (VIP). Pode ser uma carrinha Toyota, pode ser um camião, uma carrinha de caixa aberta, pode ser moto, pode ser bicicleta… É chapa. São 5 meticais, 10 meticais, 50, 100, 200 etc… E se pela estrada consegues apanhar um lanho (coco verde, com sumo por dentro que serve até para soro), é uma maravilha.
É na cidade. É para fora da cidade…
Bem. Daqui de Nampula ao Alto Molocuè são cerca de 200 kms. Saímos, eu e as duas voluntárias de Lichinga, às 5 horas da manhã e chegamos lá às 8.15h. Aqui estavam 40 graus, no Molocuè estava a chover. Mas íamos como a sardinha em lata…Se houvesse mais 2 centímetros de espaço, lá metiam mais dois passageiros. Não houve nenhum percalço. Aqui, no Molocue, primeira presença dehoniana a 27 de Março de 1947, inteirámo-nos do trabalho dos voluntários dehonianos portugueses, e da biblioteca criada por nós.
Depois, viajámos, de carro, com o P. Onório para o Guruè. Parecia que estávamos num avião. Era viagem VIP. Até a Patrícia exclamou: fico a dever-lhe um almoço em Lisboa.
Gurue! Bonito! Plantações de chá mostram a beleza das montanhas que as protegem. A Suiça de Moçambique. Isto sem falar no Namuli e no Morresse. Aquele monte Namuli com 2500 metros de altitude impõe respeito em todo Moçambique.
Aqui no Guruè, onde iniciámos o voluntariado em 2000, estivemos a visitar a biblioteca e a conversar com o P. Ilário sobre o tipo de voluntariado a continuar no futuro.
No regresso, apanhámos outra vez boleia com o P. Onório, passando por Milevane e Nauela (emoções de há 35 anos!!! Foram dois anos de evangelização), indo pernoitar ao Molócuè.
Do Molocuè até Nampula, apanhámos chapa. Parava em tudo o que era para parar. Saímos as 8 horas da manhã e chegámos a Nampula pelas 13 horas são e salvos.
Isto é uma forma de dizer, porque um homem trazia cinco cabritos que iam em cima do miniautocarro. Talvez não ia bem amarrado, mas durante a viagem caiu um no meio da estrada. E…
Como aguentámos o pó, no ia seguinte apanhámos chapa outra vez para a ilha de Moçambique. Foi sair às 8 da manhã e chegar pelas 13 horas também. Uma vez chegados, antes de mais, fomos mergulhar, melhor, sentir a temperatura do Oceano Índico. Água morna, mais que morna…
Fomos comer qualquer coisa no restaurante Relíquia (única refeição em todo o fim de semana) e encontrar um lugar para dormir: mocheleliwa (tinha água e luz. Era o mínimo e o máximo que queríamos).
Demos mais uma volta à cidade e era noite.
No dia seguinte, visitamos a fortaleza da ilha de Moçambique: história e histórias. Aqui chegou pela primeira vez Vasco da Gama em 1498, à ilha de S. Jorge, pequena ilha frente à ilha de Moçambique. S. Francisco Xavier é que esteve uns meses mesmo na ilha de Moçambique.
Pelas 11 horas da manhã, fomos procurar um chapa com ligações em Monapo, já que o directo para a cidade de Nampula saía entre as 3 e as 5 da manhã (horas em que começa a vida aqui). Estava um minibus a passar e foi só entrar e encontrar um lugar para nos sentarmos. Passou a ponte da ilha (3kms), sobre o Índico, para a parte do continente africano. Aí, esperou duas horas até que enchesse. Finalmente, arrancámos…
Entrou na cidade de Monapo. Aí começou a guerra entre os chapas que fazem cidade Monapo-Nampula e os chapas que fazem ilha-Nampula que não podem entrar na cidade. Depois de presenciarmos cenas de pugilismo e virmos mulheres a serem empurradas para não apanharem este chapa que estava a violar espaço de outros chapas,  prosseguimos a viagem…
A Patrícia já anda por aí por Lisboa. A Catarina está prestes a partir para continuar o seu voluntariado em Lichinga. Eu parto para Cuamba (antiga Nova Freixo) para uma semana de formação a professores…
Ainda Nampula, 20 de Novembro de 2011
Adérito Gomes Barbosa

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