quarta-feira, 27 de junho de 2012

Por Timor um gesto, uma dádiva!
Queridos amigos,
Dentro de poucos dias já estaremos bem mais perto em comunicação, em presença e com toda a certeza que poderei rever-vos, e partilhar ao vivo e a cores toda esta experiência de Timor Leste, no meu coração levo muitos sorrisos, toda a beleza desta Ilha que nos confunde profundamente mas essencialmente levo comigo as imensas necessidades deste povo de Timor Leste, que precisa literalmente de tudo…é como um mar longínquo cujo infinito não se alcança, cada dia que passa o conhecimento dessas mesmas necessidades faz-nos sentir impotentes, sem saber como dar resposta a tantos apelos que nos batem à porta: crianças feridas, crianças que nunca comem ou bebem o essencial, sem livros escolares, sem condições de habitação dignas, sem água potável para beber, cozinhar ou fazer a higiene pessoal, contar-vos-ia mil e uma histórias neste pouco tempo que cá estive de situações inacreditáveis! Fica um desejo enorme de transformar este mundo de Timor Leste num país de esperança, cujas infraestruturas sejam construídas nos próximos anos e que este povo sofrido e mártir de tantos massacres possam continuar a acreditar num futuro bem mais desenvolvido, e que nós os residentes solidários, aprendamos a amá-los de alma e coração!
 
Por isso o meu regresso a Portugal é também para fazer o apelo à partilha real de muitos que queiram ajudar e contribuir para que a nossa missão projetada em apoio à saúde, educação, acompanhamento escolar, vigilância familiar e desenvolvimento profissional em várias áreas, seja possível nesta região aonde estamos inseridas. Conto convosco!
Quero regressar a Timor com a motivação mais carregada com a vossa partilha! Sonho que estas crianças que todos os dias vão à escola possam beber um copo de leite e que eu o possa distribuir! Que diminua a mortalidade infantil e adultos jovens por falta de condições sanitárias, habitacionais e alimentares que os torna fragis! São sonhos emergentes, que e nós nem sequer temos consciência que para a maior parte da Asia é uma constante realidade!

Um gesto, uma dávida pode realmente fazer a diferença! Pensem nisso e ajudem-me a ajudar!
Um abraço e até breve em Portugal!
Irmã Cristina  Macrino



quinta-feira, 21 de junho de 2012


De TIMOR

Caríssimos amigos, familiares e irmãs


Estou na recta final da minha estadia em Timor Leste antes de voltar a Portugal no próximo mês de Julho, o tempo foi um flash que disparou ao longo destes meses, foram de facto centelhas de vivências em que o que recebi não caberá num espaço infinito e que perdurará para além desse mesmo infinito, explicar-vos este sentimento interior seria “estrangulá-lo” na sua essência. Mas tenho a certeza de que compreenderão, não na totalidade mas pelo menos pelo sentido que estas experiências têm na vida de muitos e de muitas que dão a vida, o tempo e tudo o que isso implica, afinal eu sou apenas uma gota nesse imenso oceano de pessoas que ao longo de gerações e gerações fazem estes trajectos longe da sua pátria e da sua “normal” rotina de vida, basta nos deslocarmos uns kms e encontramos sempre alguém que está em situação semelhante e que com um amável e simpático interesse nos pergunta quem somos e donde vimos.
Depois do mês de Maio cheio de celebrações em Díli, preparámo-nos para outro acontecimento com especial importância: a visita da Superiora Geral à missão.
No dia 7 de Junho pelas 14.10 (hora local) dia do Corpo de Deus, chegou então a Superiora Geral, ir. Ana Paula e com a ela a ir. Maria de Lurdes que ficará na missão. Penso e tenho a certeza de que este momento da chegada tocou a cada uma e cada uma viveu dentro de si com forte emoção este reencontro comum entre as irmãs, Nós que estamos aqui longe de Portugal e de todos, as duas que chegavam ao desconhecido Timor Leste.
Apesar do cansaço próprio da viagem e do intenso calor que se faz aqui, ainda participámos na chegada da procissão do Corpo de Deus em DÍLI cuja multidão de crentes sempre nos impressiona, e naquele histórico largo de Lecidere junto ao mar, com a imponente Imagem de Nossa Senhora da Conceição, fazia-nos sentir num ambiente místico ao qual nenhuma de nós ficou indiferente.
No dia seguinte depois de uma visita de manhã bem cedo ao Sr. Embaixador de Portugal, a seu convite na sua residência, fizemos a viagem até Memo – Maliana onde nos esperava um grande grupo de crianças e adolescentes que fizeram a honra da comunidade e expressaram com canções e sorrisos a alegria de receber as duas novas irmãs na missão.
Depois deste primeiro momento de acolhimento, outros se seguiram nos dias seguintes, em Maliana com o Sr. Bispo D. Norberto do Amaral que nos aguardava com um natural sorriso, nas irmãs canossianas, cuja gentileza é sempre profundamente expressa pela nossa Madre Rosa que convoca a sua multidão de crianças que a rodeiam e animadas cantam maravilhosamente e, no domingo de forma surpreendente uma belíssima recepção aqui em Memo pela comunidade local que expressou com as suas danças tradicionais e na presença do Pe. Hipólito a sua satisfação pela presença da Superiora Geral e da ir. Maria de Lurdes. Durante a Celebração o Pe. Hipólito valorizou a presença da comunidade religiosa portuguesa e propôs à Superiora Geral para dar uma palavra a toda a comunidade de Memo, o que nos comoveu muito.
Esta primeira semana ficou centrada em visitas à missão e todo o espaço geográfico da missão em si: a futura residência e o seu local, a obra social que será para desenvolver, a avaliação dos projectos que entretanto foram elaborados e aguardavam a sua avaliação, as visitas às entidades locais, Instituições, como a Escola Portuguesa e a Festa da diocese. Na segunda semana foi marcada com uma histórica visita ao Oecússi, à comunidade das irmãs da Divina Providência, a região de Timor em enclave no território da Indonésia. Apesar de ter sido uma longa viagem e a sujeição de passar em quatro fronteiras, duas entradas e duas saídas na Indonésia e em Timor simultaneamente, o acolhimento e a alegria daquela comunidade que nos recebeu nas pessoas da irmã Maria da Luz e da irmã Natália Ferreira superou a distância à mistura com o calor e o cansaço. Connosco, para nos ajudar nesta visita ao belíssimo desconhecido e histórico Oecússi, acompanhou-nos o Pe. Lazaro, verbita e sacerdote Indonésio, residente em Maliana, sem ele nunca teríamos chegado facilmente ao Oecússi, ele tinha lá sido pároco alguns anos, conhecia bem todo aquele território tão marcado pelos portugueses que fizeram a sua história com a chegada dos primeiros missionários a Timor em 1515 em Lifau – Oecússi, local bem definido junto ao mar e que tivemos o grandioso privilégio de também poder visitar nestes dois dias. A obra das irmãs do Oecússi é um hino de dávida aos timorenses desta região a quem elas incansavelmente dão a sua vida sem medida com alguns colaboradores timorenses e voluntários portugueses. Contam as histórias mais arrepiantes que se pode imaginar, vidas humanas que apenas carregam o seu corpo com pouca roupa e sem outra para a substituir, muitos sem casa digna ou sem nenhuma, outros ainda com a terrível lepra que quando são encontrados já estão em condições desumanas, e tantas histórias tristes e difíceis de digerir, ou como contava a irmã Maria da Luz lhes tira o sono e lhes faz cair as lagrimas convulsivamente mas que acabam por ser a fonte de amor destas irmãs e de tantos que direta ou de forma mais indireta se unem a elas para ajudar e ultrapassar tantos desafios alguns quase a parecerem intransponíveis.
 Esta obra tem também o seu lado mais inovador, na formação profissional de varias áreas desde cabeleireiro, informática, corte e costura e alfaiataria, muito interessante porque permite já a produção de serviços e rentabilidade dos mesmos utilizando os meios da obra das irmãs. Deus torna-se Esperança nesta obra do Oecússi. Impressionou-me muito o gosto que as irmãs expressaram com a nossa presença, em todos os momentos agradeciam e davam graças pela “histórica” visita, sentimento muito belo e muito fraterno!
Neste mês da visita da Superiora Geral, também tivemos as nossas privações, aliás continuamos, desde há mais de uma semana sem água canalizada. Todos os dias carregamos garrafões, garrafas de água vazias, baldes, e vamos buscar a água ao furo da comunidade, uma grande sorte porque este furo foi inaugurado há pouco menos de mês, senão não teríamos mesmo nenhuma água. Acabamos por compreender um pouco como é a vida real deste povo quando tomamos banho com as garrafas de agua, quando lavamos a roupa à mão com a agua dos garrafões ou cozinhamos com a agua dos baldes que com muito cuidado para que seja o mais limpa possível.
Enquanto vou escrevendo vai passando pela minha memória tantas pessoas, gestos, sorrisos, emoções que nos tocam e que até nos mudam para sempre. Como diria alguém, Timor é uma espécie de feiticeiro da alma e do coração, tem um feitiço que apaga em nós o que é difícil e motiva-nos para o que é grandioso. Se ao menos isso nos levar a sermos mais humanos, já terá valido a pena cada dia e cada momento nestas terras e com este povo.
Deixo-vos por agora, esta será com certeza a minha última história partilhada antes do regresso no próximo dia 3 de julho com chegada no dia 4 de julho pelo final da manhã.
Um abraço amigo e até breve…

Irmã Cristina Macrino




segunda-feira, 11 de junho de 2012

UMA MANHÃ EM ROMA 

Depois do pequeno almoço, hoje, 10 de junho, domingo, arranquei para a Praça Pio XI aqui em Roma para apanhar o autocarro para o Vaticano. Esperei, esperei na paragem, mas nada. Perguntei a um velhote, se havia greve. Respondeu-me que Roma é assim há 2000 anos. Não percebi se era uma frase lançada para o ar, ou se se referia à religião. Continuei à espera. Chega uma senhora aí dos seus 60 anos e pergunta se é ali que se apanha o autocarro para o vaticano. O descarado velhote, aí dos seus 80 anos, referiu à senhora que não costuma falar com senhoras com mais de 40 anos, mas que para ela, por ser simpática, fazia uma excepção. A quase velha ainda teve lata de agradecer o elogio ao já velho. São romanos e basta.
Até que depois de um bocadão lá veio o autocarro…
Quando desci do autocarro, não podia deixar de ir ao vaticano. Só depois é que fui até à Via Conciliazione a ver se havia alguma novidade literária…sim algumas livrarias estão abertas hoje ao domingo.
Esperei pelas 12.00 horas para ver o papa lá da janela em ponto pequeno a começar a falar da festa do Corpo de Deus que eu já tinha celebrado em Portugal na 5ª feira passada. Estava uma multidão na praça de S. Pedro.
Daí a pouco fui apanhar o autocarro para voltar. Como não encontrei nenhum, tentei regressar a pé, apesar de ter um pé lesionado…
A meio do meu regresso, vejo um carro estampado contra uma motorizada. O motorista do carro estava com batina mais à comunhão e libertação, desleixado. Ao seu lado estava um franciscano que penso que o acompanhava.
Como Roma é Roma, o tal embatinado, perguntei aos que paramos para ver o acidente se alguém de nós tinha o triângulo para pôr la atrás no carro. Eu cá para mim. Afinal… em Roma não trazem os documentos e tudo o que é necessário?
Lá consegui chegar a casa…





Adérito Gomes Barbosa

Roma, 10 de Junho de 2012

terça-feira, 5 de junho de 2012


SANTOS DO CORAÇÃO DE JESUS


S. João
João tinha cerca de 20 anos quando foi chamado por Jesus. Tinha 12 anos a menos do que Jesus. É o mais novo dos discípulos. Era irmão de Tiago e viveu até aos 100 anos.  Era o discípulo que Jesus amava. Era de Betsaida na margens do lago, também terra de Pedro.  Os seus pais chamavam-se Zebedeu e   Salomé.  Andaram à pesca com o seu pai.
João, Tiago e Pedro formaram um trio predilecto de Jesus.  João e Pedro foram sempre muito amigos. Prepararam juntos a Última Ceia e foram juntos ao sepulcro vazio.  Paulo chamou a João e Pedro as colunas da Igreja.  Além do ser o apóstolo que viveu mais tempo foi o último a morrer.
João defendia algumas ideias fundamentais: Deus –Homem, Luz, Verdade e amor.  É o evangelista do amor.


S. Gertrudes

Santa Gertrudes de Helfta (ou Santa Gertrudes a Grande) foi uma beneditina, mística e teóloga alemã. Nasceu em 6 de Janeiro de 1256, em Eisleben (Alemanha). Nada é sabido sobre seus pais, donde se supõe ter sido orfã. Ainda jovem ingressou no monastério de Santa Maria em Helfta, sob a direção da abadessa Gertrudes de Hackeborn. Eventualmente é confundida com sua abadessa, motivo pelo qual em algumas imagens aparece, erradamente, segurando um báculo. Alguns estudiosos referem-se ao monastério como Cisterciense, pois foi fundado por sete irmãs da comunidade de Halberstadt.
Gertrudes dedicou-se aos estudos, tornando-se especialista em literatura e filosofia. Depois experimentou a conversão a Deus e iniciou uma caminhada de perfeição na vida religiosa, voltando seus talentos para o estudo das escrituras e teologia. Produziu numerosos textos, mas somente dois deles: Revelações do Amor Divino, parcialmente escrito com outras monjas da comunidade, e Exercícios Espirituais, permanecem conhecidos até. Teve várias experiências místicas, incluindo uma visão de Jesus, convidando-a a repousar sua cabeça em seu peito para ouvir seu coração batendo no compasso do divino amor.
Morreu em Helfta, Saxônia, em torno de 1302. Sua festa é celebrada em 16 ou 17 de Novembro, mas a data exata confunde-se com os registros da abadessa Gertrudes. Foi canonizada pelo Papa Clemente XII no ano de 1677.


S. Franciso de Sales

São Francisco de Sales nasceu no castelo da sua família, os barões de Boisy, em Thorens (Saboia) em 1567, primogênito de treze irmãos, foi educado no Colégio de Clermont, dirigido pelos jesuítas, em Paris, estudou em Annecy e na Universidade de Pádua, na Itália, onde recebeu o doutoramento em Direito Canônico com 24 anos. Recusou uma brilhante carreira e resolveu estudar para ser sacerdote apesar da oposição da família. Foi ordenado em 1593, tornando-se reitor em Genebra, Suíça. Após, foi para Chablais, cantão suíço na região da Sabóia, onde foi pároco, e onde trouxe 8.000 calvinistas de volta à Igreja. Ali escreveu diversos textos em defesa da fé, que foram publicados com o título "'Controvérsias e Defesa do Estandarde da Santa Cruz"
Em 1599 Francisco foi indicado como bispo coadjutor em Genebra, tendo sucedido como bispo em 1602. Sua diocese tornou-se conhecida pela organização e pela formação do seu clero e leigos. Isto era uma grande realização diante da Igreja da época. fundou várias escolas e estabilizou a Igreja na região.
Era famoso diretor espiritual e pela sabedoria dos seus escritos. Ele e Santa Joana Francisca de Chantal, de quem foi diretor espiritual, criaram a Ordem da Visitação, uma Ordem religiosa contemplativa. Foi também diretor espiritual de São Vicente de Paulo. Tornou-se uma figura líder da Reforma Católica também chamada de "Contra-reforma" e ficou famoso pela sua sabedoria e ensinamentos.
Em 1609, seus escritos (cartas, pregações) foram reunidos e publicados com o título "'Introdução à vida devota" ou "Filotéia", que é a sua obra mais importante e editada até hoje. Outra obra que também é ainda editada é o "Tratado do Amor de Deus", fruto de sua oração e trabalho. Estes dois livros são considerados clássicos espirituais. Além destes livros, a coletânea de cartas, pregações e palestras alcança 50 volumes. A popularidade e o valor destes escritos fez com que fosse considerado padroeiro dos escritores católicos.
Faleceu em Lyon em 1622. Os seus restos mortais se encontram na Igreja da Visitação em Annecy. Foi beatificado no ano em que faleceu e foi a primeira beatificação a ser formalizada na Basílica de São Pedro. Foi canonizado em 1655 pelo Papa Alexandre VII e em 1867 foi declarado Doutor da Igreja pelo Papa Pio IX. Foi declarado em 1923, pelo Papa Pio XI, patrono da imprensa católica. O seu dia é celebrado em 24 de janeiro.
Segundo Joseph Ratzinger, atual papa da Igreja Católica, Francisco de Sales procurou criar uma forma de piedade acessível aos não piedosos. Neste ponto teria antecipado em parte a espiritualidade de Teresa de Lisieux, a do "pequeno caminho", a de uma vida voltada para Cristo com simplicidade, sem buscar coisas grandes, com paciência e sem heroísmos.


S. João Eudes

São João Eudes e o início do culto público ao Sagrado Coração de Jesus. Com São João Eudes (1601-1680), podemos dizer que a devoção ao Sagrado Coração como que atingiu a maioridade. Com efeito, graças à sua ação, esta devoção deixou de ser exclusivamente privada e se tornou pública e oficial. Com ele se instituiu o culto litúrgico ao Sagrado Coração. A sua missão foi mais do que a de simples precursor de Paray-le-Monial. São Pio X chama-o “pai, doutor apóstolo” da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e de Maria. Enérgico adversário do Jansenismo na França, São João Eudes estudou com os padres da Companhia de Jesus em Caen, ingressando depois no Oratório de Jesus e de Maria Imaculada. Ali tomou contacto com a espiritualidade do Cardeal de Bérulle (1575-1629), cuja nota tónica, colocada na contemplação do Verbo Encarnado, nisto muito se assemelha à do fundador dos jesuítas.
Essa espiritualidade tem como base a contemplação da vida interior do Salvador e a consideração dos mais variados estados de sua alma. É muito rica, pois tais estados são variadíssimos, como a mutação das águas do oceano: ora são amenas, ora majestosas, ora fustigam os rochedos, ora são acolhedoras e acessíveis a todos.
A partir de fins da Idade Média a reflexão piedosa sobre a Humanidade Santíssima de Cristo cresceu muito, a ponto de se tornar uma forma usual de devoção. O Cardeal de Bérulle foi dos mais destacados expoentes desse movimento geral da piedade católica.
Segundo essa corrente – comumente chamada Escola Francesa – o devoto, ao considerar o interior divino, procura ser dócil aos movimentos que essa contemplação desperta em si. É o culto à vida interior de Cristo. Considera Sua adoração ao Padre Eterno, Sua abnegação e espírito de sacrifício, Seu amor e devotamento pelos homens.
A devoção ao Sagrado Coração está aí muito presente, pois, na literatura ascética do século XVII, “ Coração de Jesus” e “vida interior de Jesus” são expressões usadas indistintamente.
São João Eudes assimilou também nesta escola uma especial devoção a Nossa Senhora, que se refletirá em toda sua atividade de escritor, fundador e missionário. Também faz parte da Escola Francesa a contemplação simultânea dos estados de alma de Jesus e Maria. Disso é um exemplo magnífico e conhecida oração Ó Jesus, que viveis em Maria, cuja íntegra é a seguinte:
“Ó Jesus, que viveis em Maria, vinde e vivei no vosso servo, com o espírito de vossa santidade, com a plenitude de vossa virtude, com a perfeição das vossas vias, com a comunicação das vossas graças; dominai sobre os poderes infernais, com o vosso espírito, para a glória do Pai”.
Seguindo o espírito da Escola Francesa, São João Eudes dirá que Maria é o paraíso de Jesus, que Maria está em Jesus, e que ela participou, em sintonia perfeita, dos vários estados da alma do Divino Salvador.
Ainda sob o influxo da Escola Francesa, este Santo aprendera a honrar, na Paixão, primordialmente as angústias e as aflições da alma de Nosso Senhor. Esta prática conduz os fiéis, ao contemplar a Paixão, a se deterem especialmente nos tormentos morais do Jardim das Oliveiras. Tais ideias serão o ponto de partida do ensinamento e do apostolado Santo.
Essa doutrina – muito elevada e muito própria a santificar – era, entretanto, apresentada pelo Cardeal de Bérulle e por sua escola em termos não facilmente acessíveis ao comum dos fiéis. Premido pelas necessidades de sua atividade missionária, São João Eudes, em suas pregações, a adaptará e a colocará ao alcance do povo.
Este Santo fundou duas congregações: uma masculina, a Congregação de Jesus e Maria, destinada à pregação de missões paroquiais e à direção de seminários, e outra feminina, a Ordem de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio, para a regeneração das mulheres decaídas.
Em 1648 São João Eudes conseguiu a aprovação de um Ofício e uma Missa do Coração de Maria, por ele compostos. Anos mais tarde, em 1672, obteve o mesmo para um Ofício e uma Missa próprios do Sagrado Coração de Jesus, igualmente compostos por ele, celebrados a partir de 20 de outubro daquele ano em várias dioceses da França. Por esta sua atividade, a Igreja o chama “autor do culto litúrgico dos Corações Sagrados de Jesus e Maria”.
Nesse mesmo ano, São João Eudes começou a pregar com frequência a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A referida festa, celebrada nos seminários dirigidos pela Congregação fundada por ele, pouco a pouco transpôs seus muros e se difundiu pela França inteira. Quase todas as igrejas e comunidades religiosas que haviam adotado a festa do Coração de Maria adotaram também o Coração de Jesus.
É interessante lembrar que, em 20 de outubro de 1674, a Princesa Francisca da Lorena, abadessa das beneditinas de São Pedro de Montmartre, fez celebrar solenemente o Ofício e a Festa do Sagrado Coração de Jesus na capela de seu mosteiro, em presença de uma parte da corte de Luís XIV. Era o ofício composto pelo Santo. No século XIX, nessa mesma colina de Montmartre, seria erguida uma monumental basílica, que se tornaria um dos símbolos da devoção ao Sagrado Coração.
São João Eudes foi missionário a vida inteira. Começará pregando a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Só no fim da vida passou a colocar ênfase no Sagrado Coração de Jesus. Mas, para o santo francês, as duas devoções têm uma sintonia completa. Ele popularizou, aliás a expressão “o Sagrado Coração de Jesus e Maria”, para mostrar a perfeita consonância de vontade, afetos, aspirações, vias e pensamentos entre a Mãe e o Filho. Os dois corações pulsavam em uníssono.
Para São João Eudes, o coração significa especialmente o interior, a vida íntima, os estados de alma. Esta característica ficará na devoção ao Sagrado Coração de Jesus nos Tempos Modernos, que busca seu alimento sobretudo na contemplação reparadora das dores morais – menosprezos, ultrajes, esquecimentos – que o Divino Mestre e sua Igreja sofrem da parte dos homens ingratos e endurecidos pelo pecado.


S. Cláudio La Colombière
S. Cláudio La Colombière nasceu na França, em 1641. Sua mãe, muito cedo, havia profetizado que seu filho seria um santo religioso. Não que isso o forçou, mas ajudou no seu discernimento. Passado um tempo, ele, pertencente e uma família religiosa, pôde fazer este caminho de seguimento a Cristo e entrou para a Companhia de Jesus.
Dado aos estudos, aprofundou-se, lecionou e chegou a superior de um colégio jesuíta. Mas Deus tinha muitos planos para ele. Ele dizia: “Os planos de Deus nunca se realizam senão à custa de grandes sacrifícios” e pôde experimentar essa realidade. Ao ser o confessor do convento de Nossa Senhora da Visitação, conheceu a humilde e serva do Senhor, Margarida Maria Alacoque, que ia recebendo as promessas do Sagrado Coração de Jesus. Ele a orientou muito e pôde se aprofundar também nesta devoção; amor ao coração de Jesus. Amando o Senhor, pôde estar em comunhão também com o sacrifício e com a dor. Ele mergulhou o seu coração nessa devoção e pôde ajudar a santa, mas, por obediência, teve de ir para Londres onde sofreu incompreensões por parte de cristãos não católicos, ao ponto de calúnias o levarem ao julgamento e à prisão. Só não foi morto por causa da intervenção do rei da França, Luís XIV. São Cláudio de La Colombiere voltou para o berço da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Com 41 anos, partiu para a glória, como havia profetizado Margarida Maria Alacoque. O seu testemunho nos mostra que é do coração de Jesus que vem a santidade para o nosso coração.
S. Margarida Maria Alacoque

Santa Margarida Maria Alacoque (Verosvres, 22 de Agosto de 1647 - Paray-le-Monial, 17 de Outubro de 1690) é uma santa católica. Margarida Maria Alacoque, nasceu no dia 22 de Agosto de 1647 em Verosvres, na Borgonha. O seu pai, juiz e tabelião, morreu quando Margarida ainda era muito jovem. Após a morte de seu pai, Claudio de Alacoque foi morar na casa de seu tio Toussant(tussã) e sofreram ela e sua mãe, dona Felizberta de Alacoque. Assim ela conheceu a humilhação da necessidade, vivendo ao capricho de parentes pouco generosos e nada propensos a consentir que ela realizasse o seu desejo de fechar-se no convento. Recebeu a comunhão aos nove anos e aos 22, a confirmação, para a qual quis preparar-se com confissão geral: ficando quinze dias preparando-se, escrevendo num caderninho a grande lista de seus pecados e faltas, para ler depois ao confessor. Na festividade de São João Evangelista de 1673, uma moça de vinte e cinco anos, irmã Margarida Maria, recolhida em oração diante do Santíssimo Sacramento, teve o singular privilégio da primeira manifestação visível de Jesus, que se repetiria por outros dois anos, toda primeira sexta-feira do mês. Em 1675, durante a oitava do Corpo de Deus, Jesus manifestou-se-lhe com o peito aberto e apontando com o dedo seu Coração, exclamou: "Eis o Coração que tem amado tanto aos homens a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes o seu amor. E em reconhecimento não recebo senão ingratidão da maior parte deles". Margarida Maria Alacoque, escolhida por Jesus para ser a mensageira do Sagrado Coração, já fazia um ano que vestira o hábito das monjas da Visitação em Paray-le-Monial. No último período de sua vida, nomeada mestra das noviças, ela teve a consolação de ver propagar-se a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e os próprios opositores de outrora mudarem-se em fervorosos propagadores. Morreu em 17 de Outubro de 1690, aos 43 anos de idade. Foi canonizada em 1920, mas a data da sua festa foi antecipada por um dia para não coincidir com a de Santo Inácio de Antioquia.

Beata Maria do Divino Coração

A Beata Maria do Divino Coração nasceu em Münster a 8 de Setembro de 1863 e faleceu no Porto a 8 de Junho de 1899. Maria Droste zu Vischering foi uma personalidade da mais elevada nobreza alemã e santa católica, mais conhecida por ter influenciado o Papa Leão XIII a efectuar a consagração do Mundo ao Sagrado Coração de Jesus. O próprio Papa Leão XIII chamou a essa consagração solene "o maior acto do meu pontificado".


Santa Faustina

Santa Faustina nasceu em Łódź a 25 de Agosto de 1905. Feleceu em Cracóvia a  5 de Outubro de 1938. Foi uma freira e mística polaca. Atualmente é venerada como Santa pela Igreja Católica. Conhecida pelos católicos como "apóstola da Divina Misericórdia", é considerada pelos teólogos como fazendo parte de um grupo de notáveis místicos da Igreja Católica. Entrou para a vida religiosa em 1924 na congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia. Um dos seus confessores, Padre Sopocko, exigiu de Santa Faustina que ela escrevesse as suas vivências em um diário espiritual. Este diário compõe-se de alguns cadernos. Desta forma, não por vontade própria, mas por exigência de seu confessor, ela deixou a descrição das suas vivências místicas, que ocupa algumas centenas de páginas. A sua canonização aconteceu a 30 de Abril de 2000, pelas mãos do Papa João Paulo II de quem também conseguiu a instituição da Festa da Divina Misericórdia.


S. Joana de Chantal

Fundada a 6 de Junho de 1610, em Annecy (França), por São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal, a Ordem da Visitação de Santa Maria celebra agora os seus 400 anos de existência.
Joana Francisca Fremyot de Chantal nasceu em Dijon a 28 de Janeiro de 1572 e faleceu em  Moulins, a 13 de Dezembro de 1641. Filha de Benigno Frémiot, presidente do parlamento de Borgonha e de Margarida de Berbizy, foi baptizada como Joana, tendo lhe sido acrescentado o de Francisca quando da cerimónia de confirmação. Tendo recebido esmerada educação, recusou-se a desposar um fidalgo abastado uma vez que o mesmo era calvinista. Desposou depois o barão de Chantal, passando o casal a residir no Castelo de Bourbilly, onde fez celebrar missa diariamente, com a presença de todos os empregados domésticos. Ocupando-se da instrução religiosa dos mesmos, atendendo-lhes as suas necessidades materiais. Aos domingos e dias de festa, participava da missa paroquial. Ficou viúva aos 28 anos de idade, com um filho e três filhas. A partir de então, fez voto de castidade, dedicando-se à prática da caridade. Retirou-se do mundo e passou a dividir o seu tempo entre a oração, o trabalho e a educação dos filhos. Em 1604, na casa de seu pai em Dijon, conheceu o bispo de Genebra, São Francisco de Sales. Identificando nele a pessoa para dirigi-la espiritualmente, ligou-se a ele por uma profunda amizade. Com os filhos mais crescidos e amadurecidos, planeou ingressar na vida monástica. Para esse fim, o jovem barão de Chantal, com 15 anos de idade, foi entregue ao avô materno, que passou a cuidar de sua educação e de seus bens; a sua filha mais velha desposou o barão de Thorens; a filha do meio faleceu pouco depois; a filha mais nova desposou o conde de Toulonjon. Em 1610, em Annecy, sob a orientação do bispo de Genebra, a baronesa fundou a Congregação da Visitação de Santa Maria, juntamente com Jacqueline Fabre e a senhorita Brechard. Dirigiu, como superiora, de 1612 a 1619, a casa que fundou em Paris, no bairro de Santo António, onde chegou a ser perseguida. Deixou o cargo de superiora da Ordem e voltou a Annecy. Faleceu, após grande agonia, pronunciando o nome de Jesus. À data de sua morte, a Congregação já contava com 87 conventos e, no primeiro século de existência, com 6.500 religiosos. Foi canonizada em 1767 como Santa Joana de Chantal.


P. Dehon 14 de Março de 1843 a 12 de Agosto de 1925.

O maior tesouro é o Coração de Jesus


Coordenação. P. Adérito Gomes Barbosa, scj nasceu a 14 de Março de 1953.

Se não fazes o bem, Deus chora. Se fazes o bem, Deus sorri.
Não queres ver Deus sempre a sorrir?




Junho de 2012