quarta-feira, 30 de maio de 2012

 
Missionárias portuguesas metem mãos à obra em Timor-Leste

 

Áudio Missionárias portuguesas metem mãos à obra em Timor-Leste


Irmã Cristina Paula Duarte diz que os timorenses passam muitas  dificuldades e apela aos portugueses que ajudem a ajudar “pessoas que não têm nada”.
21-05-2012 22:05 por Domingos Pinto Duas missionárias portuguesas da Congregação das Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima estão em Timor-Leste a desenvolver um projecto na área da Saúde e da Educação.Trabalham em Maliana, a mais jovem diocese timorense. Em declarações à Renascença, a irmã Cristina Paula Duarte explica que está a ser construído um centro juvenil, que vai ter as valências da educação, desenvolvimento cultural da Língua Portuguesa e a valência da saúde.Esta é uma missão difícil, num país onde falta de tudo um pouco: “As pessoas aqui alimentam-se muito mal. No aspecto da educação, o ensino é muito rudimentar, as habitações também são muito básicas, têm muito pouca coisa. As pessoas não têm subsídios, não trabalham porque não têm emprego”, afirma a missionária portuguesa.

A irmã Cristina Paula Duarte diz que os timorenses passam muitas dificuldades e apela aos portugueses que ajudem a missão a ajudar “pessoas que não têm nada”.

Em Timor-Leste, este foi um dia de festa para a comunidade portuguesa, que ouviu do Presidente da República de Cavaco Silva palavras de estímulo, conta a irmã Cristina Paula Duarte.

terça-feira, 29 de maio de 2012




TIMOR



Caros amigos, irmãs e meus familiares


O tempo corre veloz como o vento, os meses, as semanas e os dias, as horas e, permanece em nós o que vivemos e o que somos, nada se repete, nada se desvaloriza, tudo marca o seu sentido e a sua essencialidade. Desta vez tenho dificuldade em organizar a minha partilha pela força dos acontecimentos destes últimos dias aqui em Timor Leste, jamais imaginei viver na realidade o significado grandioso que esta data tem para o povo de Timor e até para nós portugueses, tanto os que aqui vivem e trabalham como muitos e muitos que em Portugal estão unidos das mais variadas e sentidas formas de união com esta Nação. Da embaixada de Portugal, alguém ligou a convocar-nos para o encontro da comunidade portuguesa com o Sr. Presidente da Republica Prof. Cavaco Silva e Dra. Maria Cavaco Silva, indicámos que se fosse possível que deixassem o convite no Centro Juvenil Padre António Vieira e que sim, que iriamos ao encontro. Eu para dizer a verdade estava incrédula com isso, já tínhamos falado na visita oficial do Sr. Presidente e eu tinha dito que bem gostava de o ver em Díli, mas deslocarmo-nos de Maliana a Díli para essa possibilidade que não seria garantida, era um enorme sacrifício para nós, em distância mas especialmente pelas condições más das estradas, mas parece que a força do universo tratou de consertar essa dúvida e levou-nos mesmo a Díli para esse histórico momento.
  No sábado 19 de Maio e no Domingo dia 20 de Maio, dia da Independência de Timor e tomada de posse do novo Presidente eleito, Por toda a região de Timor Loromoro e também com toda a certeza por toda a região de Lorosae, havia uma expressiva alegria nas ruas com gente reunida, todos os lugares embandeirados com a bandeira nacional, acenavam com um sorriso à nossa passagem, quando íamos já em viagem para Díli. Enquanto observava toda esta manifestação dos timorenses fiz duas breves viagens em pensamento, a primeira até ao livro dos Padres missionários Jesuítas: “Nossas Memorias de vida em Timor”, relembrei toda aquela dura e longa realidade da história da invasão, descrita e experimentada por estes missionários, anos e anos sem esperança, em permanente sobressaltos, perdas humanas em massacres, destruição de tudo, quem poderá ficar indiferente a isso? Quem não sente naqueles olhares humanos agora já com um sorriso, uma emoção de alegria por estes novos tempos e uma nova esperança para este povo? A segunda viagem que fiz foi a lembrança que tive em 1991, do massacre em Santa Cruz, aquelas imagens de horror passadas na TV, assistimos revoltados a este inacreditável espetáculo de morte, como pôde ser possível? Quando passo lá, sinto um gelo dentro de mim cujas palavras não sei exprimir, e recordei também aquela noite em 1999 em que a nossa cidade invicta organizou a marcha branca em silêncio pela causa de Timor, em que pude participar desde a Igreja da Trindade até ao largo do Teatro S.João, lembro-me das conversas e sentimentos de solidariedade que havia entre as pessoas e entre os estudantes universitários, na altura também eu o era, que simbolicamente comprámos o símbolo de Timor para colocar no traje académico, era um sentimento profundamente fraterno, nunca o esqueci. Mas continuemos… no domingo 20 de Maio na cidade de Díli a celebração dos 10 anos de Independência e restauração da Republica de Timor, fica marcada com a tomada de posse do novo presidente eleito, Sr. Taur Matan Ruak, a presença do Presidente da Republica da Indonésia e a visita oficial do Presidente da Republica de Portugal, Prof Aníbal Cavaria Cavaco Silva e Dra. Maria Cavaco Silva.
Na segunda-feira dia 21 de Maio pelas 18horas, lá nos deslocámos à Escola Portuguesa de Díli para marcarmos presença no encontro da comunidade portuguesa com o nosso Presidente. Éramos muitos, vindos de todas as direções da Ilha: professores, missionários, empresários, engenheiros, representantes de várias instituições e toda a comitiva presidencial, estava também o Ministro dos negócios estrangeiros Dr. Paulo Portas e o General Ramalho Eanes e Dra. Manuela Eanes. Seguiu-se os respectivos discursos do Presidente de Portugal e do Presidente de Timor, comunicações intensas de unidade e solidariedade entre os dois países, uma unidade marcada especialmente para a língua portuguesa. O Presidente Cavaco Silva enalteceu o esforço e dedicação de toda a comunidade portuguesa, apelou para que continuassem nessa atitude corajosa e o Presidente de Timor expressou bem esse desejo de desenvolver a língua portuguesa a ser mais falada nos próximos anos. Neste Encontro o Presidente da Republica condecorou com premio de mérito dois portugueses, um irmão de S.João de Deus de Laclubar e a irmã Maria da Luz Henriques FDP do Oecusse. Após estes momentos oficiais, fomos deslumbrámos com a voz da fadista Cátia Guerreiro, que quase nos fez cantar a alma e por fim partilhámos entre todos um tranquilo convivo, servido com um delicioso e fresco porto de honra, que foi uma agradável oportunidade para conhecermos melhor os nossos compatriotas e revermos os que já conhecemos e até combinámos outros encontros, uma sensação reconfortante de estar entre os nossos. No final do dia, já noite adiantada, a rádio renascença contactou-nos de Portugal para falarmos um pouco da nossa participação neste encontro com o Presidente da República Portuguesa e nos questionar sobre a missão em Maliana assim como os nossos sentimentos e prespectivas futuras. No dia seguinte, 22 de Maio pelas 9.30 da manhã no Mercado de Lama - Díli, foi realizada a inauguração da V Feira do Livro, patrocinada por muitas editoras portuguesas, cerimonia também realizada pelo nosso Presidente da Republica e na presença do Presidente da Republica de Timor e toda a comitiva presidencial e muitos portugueses, incluindo nós. Segundo o discurso do presidente, estavam nesta feira do livro, 25 000 exemplares de livros de várias temáticas com preços simbólicos em exclusivo para os timorenses. Foi também inaugurada duas bibliotecas itinerantes, muito interessante! Algo muito original e fez-me recordar no meu tempo de criança em que ainda haviam essas bibliotecas itinerantes.
Enquanto observava as bibliotecas, aproximou-se gentilmente o General Ramalho Eanes e a sua esposa e trocámos impressões sobre essas bibliotecas em Portugal, a Dra. Manuela Eanes referiu que essas bibliotecas em Portugal, eram quase o único meio de cultura para muitos portugueses.Esta Feira do Livro, ficou também marcada pela presença do Primeiro Ministro de Timor,Xanana Gusmão com quem tive o privilégio de trocar um breve diálogo e pedir que autografasse um seu livro que comprámos.
Esta é de facto uma partilha de momentos históricos, penso que todos teremos de refletir um pouco mais sobre a nossa contribuição para a cidadania global, em que a nossa vida pode fazer a diferença entre o darmos com empenho e qualidade e estarmos para cumprir um tempo que terá limites, dar tudo implica realmente amar o dever, amar sem fronteiras, sem cálculos e sem perder coragem para continuar a construir um mundo novo, mesmo que leve décadas a transformar. Recordo que nos dias que antecederam a celebração da festa da Independência, no noticiário questionavam várias pessoas portuguesas em Timor de diferentes áreas, uma arquiteta portuguesa expressava com emoção a mudança bastante notória nestes 10anos, dizia ela que há 10anos atras em Timor, nem os pássaros cantavam e muito poucos timorenses expressavam um sorriso, que fazia realmente uma grande diferença este tempo actual e que se sentia orgulhosa por isso, exprimia com lagrimas de alegria esta vitória de Timor, um testemunho honroso de uma portuguesa!

Terminámos a semana com a ilustre visita à nossa residência do Sr. Embaixador de Portugal e da Sra. Embaixatriz que nos presenteou para além da sua presença com a oferta de um belíssimo livro centrado na espiritualidade dos Pastorinhos de Fátima, um verdadeiro tratado de Mística escrito por um monge francês da ordem cisterciense e traduzido pela própria Sra. Embaixatriz, foi encantador ouvi-la descrever a historia do livro e todo o seu trajeto. Esta visita foi também uma reavaliação da nossa estada aqui em Timor, apresentámos oralmente os nossos projetos já entregues e outros que sonhamos realizar no futuro. Recebemos muito apoio e estimulo, o que sempre nos fortalece humanamente. Em anexo envio algumas das fotografias que consegui alcançar com a fraca objetiva, na visita do Presidente da Republica e desta vez não é o mais perfeito das imagens, mas foi o possível.





Um abraço e saudades a todos

  Cristina

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Gmail - Fwd: timor

De TIMOR

 

Abertura feira livru ba dala lima


envio o link da inauguração da feira do livro em Dili, em que tivemos o previlégio de estar em dialogo com o primeiro ministro Xanana Gusmão. Esta feira teve um objectivo e tem ainda, um objecto fundamente que é enriquecer em termos culturais e em português os timorenses. São sem duvidas grandes iniciativas!
um abraço.

sexta-feira, 25 de maio de 2012



QUEM É ROMANO GUARDINI?

“Guardini um dos mais significativos filósofos da religião, teólogos, pedagogos e críticos literários do século XX”
Quem me incutiu toda esta admiração pela figura e pela obra de Romano Guardini foi o filósofo espanhol Alfonso Quintás com quem tive o privilégio de dialogar algumas vezes.
Guardini era um sacerdote italiano, incardinado na Alemanha (Munique) que foi um exemplo pela sua austeridade de vida e pela preocupação que sempre teve com a formação humana e cristã da juventude.
Todo o seu pensamento se centra num opúsculo Só o que conhece Deus conhece o homem.
Diz ele (1997): na medida em que me aproximo de Deus e participo n’Ele, acerco-me à minha própria compreensão. A sede do sentido da minha vida não está em mim, mas acima de mim. Vivo do que está acima de mim. Na medida em que me fecho em mim, fecho-me no mundo, desvio-me da minha trajectória (p. 180).
Após alguma oscilação, Romano Guardini consagrou-se ao Senhor pelo sacerdócio. Intuiu que a sua missão consistia em configurar um novo método evangelizador. Começou a ensaiá-lo na sua actividade como director da associação universitária Juventus (Maguncia,1915). Em 1916, entra em contacto com a abadia beneditina de Maria Laach e em1918 escreve o Espírito da Liturgia que o consagra como um escritor de garra. No ano seguinte escreve a Via crucis e perde quase todo o seu prestígio, porque põe em pé de igualdade a oração litúrgica e as devoções populares.
Com isso, não desistiu de buscar o método formativo ideal e pensa tê-lo encontrado no estilo pedagógico de B. Strehler, director do movimento da Juventude, à volta do castelo de Rothenfels, junto ao rio Main.  Assistiu aí a um encontro de jovens, em 1920, e entusiasmou-se ao ver realizado um gérmen de tipo de vida que ele considerava ideal: alternando a conversação e o silêncio, buscava-se a verdade. Conviviam rapazes e raparigas, de maneira franca e limpa. Cultivava-se o canto, a dança, as caminhadas para os campos e os ofícios litúrgicos.
Guardini ficou polarizado à volta deste movimento juvenil. Trabalhou neste centro durante dois anos com a ideia de criar um homem novo.
As forças nacionais socialistas em 1939 confiscaram o castelo e acabaram os encontros. No entanto, Guardini nunca se afastou do seu caminho próprio de descobrir nos jovens estudantes como se interpreta a vida humana e os distintos fenómenos culturais da fé católica.
Sem o Movimento da Juventude, por terem confiscado o castelo e sem a universidade, Guardini desenvolveu um intenso trabalho apostólico nas diversas igrejas de Berlim.
Em 1943, devido à guerra que prejudicava gravemente a sua saúde, teve que sair de Berlim e refugiar-se na casa de um amigo.
Após a guerra reassumiu a universidade em Tubinga (1945-1948) e em Munique (1948-1962). Em 1948 recuperou o castelo mas já não tinha forças para retomar a direcção do Movimento da Juventude. Faleceu a 30 de Setembro de 1968.
 Desde muito jovem, Guardini intuiu que o seu trabalho educativo deve fazer-se em planos profundos da personalidade. Não basta encaminhar as crianças e os jovens para uma escala de valores; há que prepará-los para assumir o futuro com poder de discernimento e capacidade de decisão. Para isso, é importante descobrir as leis do desenvolvimento pessoal, centrado no fenómeno do encontro. Daí o interesse de Guardini em mostrar o carácter contrastado, não oposto de liberdade e obediência, autonomia e heteronomia, independência e solidariedade.
O começo da Primeira Guerra Mundial quebrou o ideal da Idade Moderna, condensado no mito do eterno progresso. Guardini advertiu que era urgente configurar um novo estilo de pensar e de sentir que desse lugar a um homem novo e a uma época nova, pós-moderna. O seu empenho nas Cartas de autoformação e nas Cartas do Lago Como consistia em desenhar a figura desse homem novo. Um novo tipo de homem deve assentar num homem de profunda espiritualidade, de um novo sentido da liberdade e da intimidade, uma nova conformação e uma nova configuração.
Para conseguir este tipo de homem equilibrado, é necessário vinculá-lo à realidade, evitando o egoísmo da própria subjectividade e perder-se em objectos dominantes.
O ideal da Idade Moderna tinha consistido em aumentar indefinidamente o saber científico e o poder técnico a fim de incrementar o domínio da realidade e o próprio bem-estar.
 A relação do domínio com a realidade exterior não criou verdadeira unidade; aumentou o poder e chegou ao conflito. Várias vezes, Guardini lamentou que o homem moderno não tinha conseguido uma elevação moral correlativa ao domínio físico que foi adquirindo sobre o mundo. Esta falta de Ética no Poder situa-nos na borda do abismo. A salvação deve vir de uma mudança de ideal: o ideal de possessão e o domínio há-de ceder o lugar ao ideal de respeito e de solidariedade.
Quando recebeu em Bruxelas em 1962 o prémio de melhor humanista europeu Guardini advertiu que se a Europa criou no passado uma cultura de poder e de domínio, agora deve configurar uma cultura de serviço. Expôs muitas vezes estas suas ideias aos jovens no castelo de Rothenfels.


Adérito Barbosa aaderitus@gmail.com




sexta-feira, 18 de maio de 2012



ENVELHECIMENTO DINÂMICO

Ponto 1 – Ano Europeu

Quando abordamos a questão da pessoa humana, apelamos imediatamente para a sua dignidade, para os seus direitos e para os seus deveres, sintetizados no respeito, na responsabilidade e no cuidado.
A existência humana pode ser contemplada sob muitos pontos de vista. Um deles é a tensão entre a identidade da pessoa e as mudanças que se vão operando ao longo da vida. Por isso, e nesse sentido, celebra-se, em 2012, o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da solidariedade entre as Gerações. O objetivo é sensibilizar a população em geral para o contributo que as pessoas mais velhas podem dar à sociedade. É fundamental promover medidas para que essas pessoas se mantenham activas através de um emprego, outro contributo na sociedade e tenham tanto quanto possível uma vida independente e autónoma, de modo que não sejam totalmente dependentes de outros. Segundo uma indicação, só 71% da população europeia está consciente do envelhecimento da população europeia, mas apenas 42% estão preocupados com a situação[1].
Assim a família e a sociedade são os dois pilares que não podem faltar ao idoso. Mais. São os dois jardins, onde os idosos passeiam e colaboram para que as suas flores exibam a sua beleza para que outros possam desfrutar dela.

Ponto 2 – Quem é o ancião?

A primeira década do século XXI em Portugal é marcada por um crescimento baixo da população (referente à fecundidade e à natalidade) e um aumento de esperança de vida e de longevidade; redução da população com menos de 15 anos e aumento expressivo daquela com mais de 65 anos. A ONU estima que os 600 milhões de idosos serão 2.000 milhões em 2050. Haverá mais pessoas em 2050 com mais de 65 anos do que com menos de 15 anos. Em 2050, 22% da população terá mais de 60 anos de idade. Na Europa, nos 27 países membros, em 2009 dos 65 aos 79 anos eram 12,7% e em Portugal 13,2%. Com mais de 80 anos na Europa eram 4,3%, e em Portugal 2,5%. Em Portugal, segundo o INE (2011), as pessoas com mais de 65 anos são 19,1% e os jovens só com 15%. Há a tendência para aumentar a esperança média de vida que agora está nos 79,2 anos. As pessoas com mais de 80 anos podem aumentar de 4% em 2010 para 10% em 2050.
Afinal quem é o ancião? Para uns, a terceira idade é tempo de liberdade, orgulho e júbilo, para outros é angústia e solidão. Nalgumas sociedades, há a desvalorização do idoso. Onde se privilegia a juventude, a beleza, o consumo e a produtividade, o idoso não tem preço. O ancião é a pessoa da sabedoria, da experiência, do encontro e da maturidade. Há culturas como a africana, onde o ancião é a tradição, é a autoridade, é a cultura… é quem dá posse.
Alguns distinguem os idosos jovens (65 aos 74 anos) dos grandes idosos (75 a 90 anos).
A velhice é abertura a novos âmbitos, assim como a alcançar uma nova estabilidade. Só envelhece de uma forma correta quem aceita interiormente o seu envelhecimento.

Ponto 3 – Envelhecimento activo.

A expressão envelhecimento activo procura espaços de promoção de qualidade de vida à medida em que se envelhece. Podemos destacar duas dimensões: uma situa-se na participação dos trabalhadores mais velhos (dos 55 anos aos 64 anos) no mercado de trabalho, no prolongamento da sua vida laboral, nas condições de saúde e de trabalho; outra na participação social, na saúde e no bem-estar das pessoas idosas.
A primeira, de raiz laboral e económica, está mais enquadrada na União Europeia e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), assim como pelo Banco Mundial. A segunda pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesta segunda posição, enquadram-se as relações intergeracionais, assim como a importância dos idosos no apoio às gerações mais jovens, nomeadamente no contexto da rede familiar.
Há quem diga que a partilha está mais no tempo, no espaço e no dinheiro. A transferência de tempo diz respeito à prestação de apoio no cuidado de pessoas (adultas ou crianças), assim como o cuidar da habitação (limpeza e cozinha). Exibiu-se há tempos uma peça de teatro, onde mostrava os avós, a conviverem com os  seus filhos e os seus netos. Para tornar a vida mais rápida, mais fácil, os filhos colocaram os respectivos pais num lar da terceira idade. Mas os netos não se cansaram de barafustar, enquanto não trouxeram de volta os avós para o seu meio, para a sua família. Reconquistaram o afecto dos seus avós, recuperaram os seus avós para a família. A transferência de espaço responde a coresidência, sobretudo no Sul da Europa. A transferência de dinheiro ou bens refere-se mais a heranças.
Por vezes, olha-se para os idosos mais como consumidores de recursos familiares, sem se ter em conta do que ele é capaz para as gerações mais novas, ou seja um contributo de sabedoria e de afecto[2].

Ponto 4 - Etapas da vida.

O ítalo alemão Romano Guardini aborda a terceira ou quarta idade como uma etapa da vida. Procura apresentar no seu livro as etapas da vida, ou seja, descobrir o sentido da vida nas etapas ascendentes e nas etapas descendentes. Para ele, o importante era descobrir o bem, o dever, a consciência e o amor em cada etapa. Guardini olha para cada etapa com o seu significado particular e não se refere a outra etapa como dependência ou modelo. Refere Lopez Quintás que cada etapa apresenta uma significação peculiar, de modo que o seu valor não pode ser deduzido de outra etapa considerada modélica[3]. Guardini supera a tendência banal em considerar a energia juvenil, a capacidade de ação intensa, o poder de domínio e o desfrutar biologicamente, como únicos atributos da vida. Cada etapa tem um selo característico. Guardini procura mostrar a exigência do bem em cada etapa da vida. A verdade de cada pessoa consiste em buscar o bem e a verdade em cada circunstância.
Uma verdadeira conceção da vida não considera o rendimento, a eficácia e a intensidade da ação como módulo único de valor pessoal. A existência do ser humano pode e deve apresentar um sentido mais elevado mesmo quando há quebra do valor corporal.  É que ajudar o ancião não pode reduzir-se a prestar-lhe assistência para o seu bem-estar, mas ajudá-lo a descobrir o grande significado da vida, de modo a poder continuar a vivê-la com dignidade. O ser humano é ele mesmo – não sempre o mesmo – em todos os momentos da sua vida. Cada etapa tem valores próprios, tem uma figura axiológica. O seu valor não deve ser confrontado com outras etapas, mas a partir dela mesma.
Esta capacidade de interpretação apresenta um interesse excecional sobretudo nos momentos em que a vida própria se apresenta carente de sentido e nos leva a perguntar se vale a pena viver. Pode cair-se no absurdo e no cepticismo. A ancianeidade é uma verdadeira escola da vida[4].

Ponto 5 – O voluntariado dos idosos.

O voluntariado é dádiva e é vontade de partilhar, assim como ajuda a dignificar e a  humanizar a sociedade.
É que o exercício do voluntariado leva as pessoas a praticar valores como a solidariedade, a compaixão, a gratuitidade, a fraternidade e a competência.
O voluntariado luta pelo bem-estar do beneficiado, não só bem estar físico e económico, mas pelo bem estar pessoal, subjectivo, psicológico e espiritual; ou seja, vão ao encontro do estar bem ou do bem em si.
Nos USA, um quarto da população com mais de 65 anos faz voluntariado, numa média de 90 horas por ano, ou seja, duas horas por semana. A base teórica do voluntariado é a teoria da actividade. O voluntariado cria bons efeitos no bem estar das pessoas idosas, sobretudo para quem exerce voluntariado com mais de 100 horas por ano. Provoca aumento de bem estar e saúde. Como referimos no livro coordenado pela Professora Doutora Sónia Galinha, a promoção do voluntariado sénior é uma excelente oportunidade para as gerações experientes[5].
Ninguém é tão velho que não tenha nada para receber ou nada para dar. Dizia Eric Fromm que não é rico quem tem muito, mas quem dá muito. O idoso deu muito na vida e pela experiência de ter dado muito, pode dar ainda muito mais.


Adérito Barbosa scj


[1] Pinto, N G. O. (2012). Ano Europeu do envelhecimento ativo e da solidariedade entre gerações. Dirigir, 117, 36.
[2] Paul, C. e Ribeiro, O. (2012). (Coord.). Gerontologia. Lisboa: Lidel.
[3] Quintas, Lopes, Prefácio. In Guardini, R. (2000). Las etapas de la vida. Madrid: Biblioteca Palabra, 8.
[4] Guardini, R. (2000). Las etapas de la vida. Madrid: Biblioteca Palabra.
[5] Barbosa, A.G. (2011). O voluntariado organizado. In Galinha, S. (Coord.). Pedagogia e Psicologia Activa. Porto: Livpsic, 29-48.

terça-feira, 15 de maio de 2012


VOLUNTÁRIOS E DIRECÇÃO ALVD ENCONTRAM-SE EM LISBOA





Os dois grupos de voluntários
que estão a preparar-se em Alfragide para partirem para Lichinga encontraram-se com a direcção da ALVD que esteve reunida durante todo o dia 12 de Maio de 2012 no Seminário Nossa Senhora de Fátima em Alfragide.
 adérito gomes barbosa 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

CAMPANHA DE LIVROS PELA ALVD
PARA TIMOR
LIVROS PARA A BIBLIOTECA DAS IRMÃS REAPADORAS DE TIMOR – MALIANA

É objetivo formar uma biblioteca de consulta, formação e cultura geral, apoio escolar desde a primária até ao Ensino Secundário com vista à preparação para o ensino superior, contemplando manuais escolares, desde o 1ºano até ao 12ºano. Por isso, pretendemos fazer uma biblioteca para acompanhamento escolar, com livros de leitura, ciências dos diferentes âmbitos e livros de pesquisa cultural, conhecimento do mundo e conhecimento humano, psicologia, filosofia, matemática, informática, etc. Claro que as enciclopédias e livros de reflexão, são também temáticas importantes.  Uma segunda grande área será então a parte pastoral, religiosa, espiritual e outras vertentes ligadas ao crescimento e desenvolvimento humano. Gostaria também de obter uma parte da biblioteca para a área da saúde em geral, com livros centrados no conhecimento das várias patologias e que possam esclarecer dúvidas nessa área, especialmente materno-infantil e saúde pública que são os cuidados gerais nas famílias e situações de risco, como o dengue e a malária associado a muitos comportamentos de risco em casa e no seio da família.

Cada pacote de dois quilos de livros, através dos correios, por apenas dois euros

Enviar para:

Ir. Cristina e Ir. Olívia
Irmãs Reparadoras de Fátima
Caixa postal 209
Díli- Correios de Timor Leste




O Presidente da ALVD

P. Adérito Gomes Barbosa

Alfragide, 12 de Maio de 2012







Lista dos livros12.5.12. Já em Timor
·         Ver adorar louvar – 2 exemplares
·         A nova evangelização – 1 exemplar
·         Reconciliação – 2exemplares
·         Jovens com Deus Pai – 1 ex.
·         Jovens com o grupo – 1ex.
·         Peregrinos em Igreja – 1ex.
·         Onde está a Felicidade – 1 ex.
·         Jovens e educação da fé – 1ex.
·         O jovem e a educação 1 – 1ex.
·         Jovens com o Espirito Santo – 1ex.
·         Coração Grande – 2 ex.
·         Jovens do futuro – 1 ex.
·         Cosmovisão Cristã – 1 ex.
·         Jovens e Educação da fé 2 – 1ex.
·         Sociedades empáticas e organizativas – 1 ex.
·         A Pastoral da Igreja – agentes e prioridades – 1ex.
·         Animação e bem-estar psicológico – 1 ex.


Cada pacote de dois quilos de livros, através dos correios, por apenas dois euros

Enviar para:

Ir. Cristina e Ir. Olívia
Irmãs Reparadoras de Fátima
Caixa postal 209
Díli- Correios de Timor Leste


sexta-feira, 11 de maio de 2012


De TIMOR

Bom dia para todos vós!

Desta vez convido-vos a fazer uma pequena viagem comigo, com a irmã Olívia, e as irmãs Clarissas de Monte Real, uma viagem natural a um lugar impensável na nossa mente, pelo menos a nós, europeus!
 Da nossa Aldeia subimos à montanha para visitar e conhecer a Aldeia de Saburai, um verdadeiro lugar do paraíso sobre terra, onde residem famílias nativas, onde parece que nada chega e muito pouco se pode levar. Mais de uma aldeia com construções típicas desta região de Timor. As montanhas são o suporte das aldeias, uma espécie de muro a proteger que banhadas pelo verde intenso são uma autêntica moldura que concentra as habitações tão genuínas.  A população fala apenas a língua materna, nem tétum falam e muito menos uma palavra em português, o assistente religioso timorense que lá vai celebrar a missa numa das capelas que está ainda de pé, disse-nos que anda a tentar aprender aquele dialeto para comunicar com aquelas pessoas.  
No topo das aldeias encontrámos um grupo de crianças e uma senhora com quem tentámos comunicar por gestos e tirámos umas fotos com eles, que com um esboçado sorriso aceitaram o  desafio fotogénico.


                                                          
 

                                                            A senhora por sua vez, ficou de pé sobre o sopé da montanha quando se deslocava para a sua habitação e ficou a olhar-nos tempos sem fim, parecia surpreendida com as visitantes, disse-lhe que a montanha era bonita, apenas me fixou sem deixar cair o que levava na mão, o que sentiria e pensaria ela?!
Ao descermos de regresso, parámos no centro de Saburai, estavam muito jovens que rapidamente se juntou muitos mais e outras pessoas mais velhas, decidi subir a um planalto para ver as ruínas de uma capela, que fora destruída, foram atrás de mim um grupo que dizia: “quer nova pra rezar”, alguém sabia dizer aquelas palavras, uma adolescente que juntou as mãos para expressar o sentimento da sua gente, comovi-me imenso com aquele apelo.
Este povo de Saburai, não frequenta a Igreja por não ter lugar de culto, só alguns percorrem horas a descer a montanha, para virem até aqui a Memo, a nossa aldeia onde existe a capela da Estação Missionária e participarem nas celebrações do Natal e Páscoa, de facto ficamos sem palavras com um pedido destes. Fiquei a pensar nalguma possibilidade, e até vos convido a todos vós a pensarem comigo e quem sabe a ajudarem nessa reconstrução para aquele povo. Apenas um telhado e uma pintura mais forte, e reformular o interior com a dignidade que lhe é inerente e já daríamos muito aquele povo. Nunca podemos esquecer que a Igreja ou Capela é o lugar onde se coloca e reúne todos e tudo para a vida de todos.

Foi uma tarde encantadora, regressámos tocadas com tudo o que pudemos usufruir naquela realidade e com vontade de regressar. O que vos posso desde já adiantar é que eu e a irmã Olívia temos um projeto a concretizar naquelas montanhas e naquelas aldeias em parceria com o assistente religioso que nos convidou para esse mesmo projeto, a muito curto prazo.



Deixem-se encantar com estas imagens das montanhas, as nuvens que delas nascem e as habitações tão originais.

E não se distraiam, sejam felizes!
Até breve.

Com amizade, Cristina Macrino.

quarta-feira, 9 de maio de 2012




De TIMOR
Boa noite caríssimos amigos, familiares e irmãs da Congregação

Mais uma vez partilho convosco pequenos acontecimentos que fazem a diferença na nossa rotina e na concretização dos nossos projetos. Desta vez quase em simultâneo apresento-vos dois grandes momentos aqui em Maliana: o primeiro trata-se do Encontro do Conselho Pastoral Economico e o segundo, da Festa de Ordenação Episcopal do Bispo de Maliana, D.Norberto do Amaral, o seu 2ºAniversario. Tenho como objetivo fazer-vos compreender de como algo tão complexo e vasto pode ser tratado de forma tão séria, organizada, e ao mesmo tão simplesmente partilhada. O Encontro do C.P.E, definiu avaliação de atividades realizadas em toda a Paroquia que quase tem a dimensão de uma diocese, que confirmou as próximas atividades até ao fim do ano lectivo, e que constitui um grupo de mais de 50pessoas que trabalham em toda a área, divididas nas prespectivas Capelas das Estações Missionárias (é assim que lhe chamam) e refletem conjuntamente e em pequenos grupos,  situações, problemas e projeções diversas para que todo o objetivo paroquial seja realmente cumprido. Pode parece natural e até bastante comum o que acabo de descrever, mas acreditem que o funcionamento deste C.P.E, tem de facto uma marca que me surpreendeu bastante, que é este conjunto de pessoas trabalham, participam e organizam toda a vivência pastoral na Paroquia tocando todos os âmbitos da sociedade civil e não só a questão da vivência da fé e espiritualidade. São nomeadas pessoas na área da saúde, educação, Ação social, carpintaria, serviços gerais em cada estação missionaria, grupos de diferentes movimentos, etc. todas as áreas são bem definidas para que quem intervém seja de plena confiança cristã e não ouse danificar com todo o tipo de desonestidade ou outra atitude menos digna o serviço prestado ao bem comum. Este plano Paroquial é feito por 3 anos consecutivos e tudo ao mais ínfimo pormenor fica definido: o quê, quem, onde, para quê, e quando. Impressionou-me a seriedade na segunda parte do encontro depois de almoço, a ordem dos trabalhos de grupo, sentia-se um ambiente de profundo respeito, gentileza, um empenho comum de fazer cumprir a agenda do encontro até ao fim, quer estivesse o pároco ou não, recordo também a atenção que tiveram as pessoas presentes de traduzirem para nós, as portuguesas, o que tratavam, graças a Deus havia muitos membro do C.P.E a falar o português. Significa que toda a nossa ação, quer ela seja de educação, saúde, cultivo da Fé e espiritualidade, ação social ou outras vertentes, nunca o faremos isoladamente mas integradas nesta totalidade que é o motor da sociedade em geral em cada região de Timor. Assim também como a relação politica/Igreja, mas sobre esta parte falarei mais noutra partilha. Enfim acho que ficámos estupefactas com esta dimensão abrangente duma organização pastoral duma paróquia, neste caso a nossa, faz-me pensar e refletir que muitas vezes se a unidade fizesse realmente a força, tudo seria bem diferente, e aqui cuja pobreza, dificuldades, falta de condições gerais, e esta capacidade de unir todas as partes, faz-nos sentir bem pequenos diante deste povo.
O segundo momento que partilho foi então a pequena comemoração de Ordenação Episcopal do nosso Bispo, para a qual fomos gentilmente convidadas pelo mesmo, muito simplesmente confraternizámos como uma só família, num espaço informal, sem coisas complicadas e um encantador ambiente de amizade que expressava este sentido das pequenas coisas que fazem a diferenças no grande valor que Deus nos deu – a vida. As fotografias em anexo, falam por si, e refletem como é possível construir num país absolutamente pequeno, uma força que transforma o pouco em muito e essencial.
Saboreiem tudo aquilo para o qual anseiam, não reclamem formalidades e protocolos, vivam em simplicidade para que tudo tenha o seu lugar em cada instante término da sua vida: “compreendemos sempre tarde demais que o maravilhoso reside no instante”. 
 De TIMOR
Um abraço e muitas saudades para todos.
Ir  Cristina Macrino