sábado, 7 de abril de 2012

Cuamba, 01/04/201
                                                                       
   Testemunho da missão, 01 ano de missão em Cuamba/Moçambique/África.
“Descalça em chão sagrado”



Onde meus pés pisam minha cabeça pensa e meu coração ama”
A experiência de Deus è um caminho que se constrói passo a passo. Para mim, o apelo para servir em Moçambique foi uma interpelação de Deus à qual respondi sim, o que considero um passo marcante em minha vida.
Reafirmei e confirmei o espírito missionário, na disponibilidade em assumir o desafio do novo, a aventura, o sonho de lançar – me numa realidade além-fronteira e distante do já estabelecido. Entendi, a partir daquele momento, que missão è abrir- se, despojar- se, ir ao encontro do diferente.
Ressoou em mim, o pedido de Deus a Moises: Tira as sandálias dos pés porque o lugar onde tu estas pisando è um solo sagrado (Ex 3,5)
Fui ao encontro do povo moçambicano com ternura e compaixão, profundo respeito e grande estima.
Muitas vezes meditei sobre a passagem bíblica de Isaias 49,6: Faço de você uma luz para as nações, para que a minha salvação chegue ate os confins da terra. Isso dava sentido ao dia- a dia naquela realidade.
Este período que estou nesta realidade, fortaleceu minha convicção sobre quem são os preferidos de Deus. Ao mesmo tempo, me sentir útil e também provocada a gastar a vida junto a outros povos, sentir o diferente, sendo no meio deles uma presença solidaria. Esta sendo uma experiência muito valida e não me arrependo, nem um minuto de tê - la feito. Com certeza, se não a tivesse vivido, não faria as opções que faço hoje, no dia- a- dia.
Aprendi, na pratica do dia a dia, a sobreviver como o povo, sentir o sofrimento, as privações pelas quais passam.
Aprendi a andar mais devagar, a fazer menos e a ser feliz assim. É um tempo rico! Pouco a pouco, o medo, a insegurança e a solidão foram dando espaço para a vida, pois apesar de tudo, aprendemos a viver bem.
Encontrei muita solidariedade, quando pensei que era eu que deveria ser solidaria: ser escoltada por mamãs que não conhecia e não me conheciam, ter ajuda nas costuras, bordado, crochê, na limpeza das salas, dos quintais. Provei a kanpaga, a xima, a matapa - comidas e bebida da região. Foi um tempo de aprender a ser, apenas ser!
A palavra vai sendo a cada dia mais, lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho (SL 119, 105). O senhor da messe fez-me um grande apelo e, depois de muita oração e reflexão, o chamado se fez caminho. Abracei com carinho a causa da missão em África, na certeza de que o senhor nunca nos abandona. Pela frente, muitas incertezas, outra cultura, povo desconhecido, tudo diferente.
Mas, a luz da palavra vai apontando o caminho. È preciso estar aberta para acolher o diferente, assim como ele se apresenta, no dia a dia. Assumi os desafios e fui em frente na certeza do Eu estarei contigo ate ao fim do mundo (MT 28,20). Experimentei a grande proteção de Deus, em muitas situações fortes que encontrei!
Eu vi, vi a aflição do meu povo, ouvi o seu clamor!
Vi sangue inocente derramado, lavando a terra mãe!
Vi a ambição pelo poder.
Vi a desolação! Vi escolas fechadas, fábricas destruídas...
Vi hospitais abandonados, sem comprimido, sem médicos e nem medicamentos, vi, sim, fome, sede e sofrimento!
Ali me debrucei, para formar catequistas, animadores/as de grupos, crianças, jovens e adultos, incentivar jovens missionários.
Convivo com as famílias, com os doentes, com as comunidades, partilhando e participando da vida do povo, marcando presença nos momentos alegres e tristes, nas celebrações. Incentivo e estimulo para o estudo, a reconciliação, o perdão na vivencia da irmandade.
A catequese com adultos foi à grande descoberta, na qual percebi a necessidade de cultivar a fè madura e colaborar na formação dos animadores e animadoras da comunidade. Esta sendo uma experiência maravilhosa.
Experimento alegrias, proteção de Deus, amor, companheirismo, amizade e bem querer do povo. Sinto a grande solidariedade entre os missionários e missionárias. Vi a sede de aprender, de saber, as infidas solicitações da parte do povo, o esforço de inculturacao. Experimentei a irmã doença chamada malária! A kabanga (bebida típica makua), xima, carne de elefante com batata (feito por mim, uma delicia!).
A despedida das (os) missionários que partem e o abraço caloroso daqueles que chegam, para juntos e juntas construímos nossa missão.
Participei da primeira conferencia internacional de etnobotanica em Maputo, onde pude aprender a conhecer a riqueza das plantas medicinais de Moçambique e assim ajudar no tratamento de doenças típicas do Niassa.
Um aprendizado, de profunda pratica de promover e defender a vida. Um grande obrigado a Deus, que me proporciona esta oportunidade, ao povo que nos acolhe e nos cativa e todas as coirmãs (os) missionários com as quais convivo e aprendo a contribuir para um Moçambique de paz!

Algumas fotos do nosso trabalho e convivência com o povo makua:    

Em Nampula com as irmãs Bia e Mark (convívio alegre!).

Visita nas comunidades São Pedro (equipa missionária).
Formação da comissão de evangelização (lectio divina)
                                           
Nas comunidades de Nipepe (visita de páscoa)                     
                                                                                Grande família Além Fronteira,  Flor, Célia Cota   e                    Raumundinhal                                                                             
                                       


Celebração dia da criança (01/06) na comunidade de Mitucue

Mamãs dançarinas na Zambézia, ordenação sacerdotal.


       

Caçadores de elefante, com a carne do mesmo - Nipepe.
Primeira visita ao Malawi com a comunidade de Nipepe

Mamã margarida ensinando a preparar os medicamentos com plantas!



Casa típica do povo Makua

A pia do milagre de Nipepe

Minhas companhias a caminho do Menegon, as crianças da comunidade, nossa comunicação é só o “tatata” (tchau em makua), mas elas entendem!






Estilo moçambicana, lenço e capulana, tudo gual!         


O carril de todos os dias do povo makua: verdura (xima + verdura)


Criança fabricando seu próprio brinquedo nas ruas de Cuamba

Em Metarica com as postulantes Capuchinhas e Postelianas, dia de festa!Primeira profissão de uma irmã moçambicana na congregação Posteliana!

Água sagrada, em falta!


Quadro pintando onde conta parte da historia do povo makua me Mauá.

 

Centro Nutricional de Cuamba,  promoção da saúde das mamãs e crianças.

   

Retiro para animadores de área.
 

Animando os jovens de entre-lagos (presença das irmãs da Divina Providencia)


 

Nosso assante sana, zicumo, obrigada!


Promoção da rapariga (bordado, crochê).

I conferencia internacional de Etnobotanica em Maputo


Formatura da UCM 2012.   


 

Oficinas de leitura
















Com as crianças do Menegon, alfabetização.




Comunidade Além Fronteira e os missionários da sagrada família (brasileiros) em Malema.


Flor de Maria Nascimento  
Missionária Brasil/Moçambique   



                                    

 


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