Roma, 31 de Maio de 2013
Caros
irmãos e irmãs na Família Dehoniana,
Graça
e paz no Coração de Cristo!
Por
ocasião da Festa do Coração de Jesus queremos estar em comunhão com todos vós,
religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, leigos e leigas, para
celebrar com ação de graças o amor incondicional de Jesus, nossa paz e
reconciliação.
Escrevemos,
como todos os anos, uma Carta à Família Dehoniana, para refletir sobre um tema
importante da experiência de fé do Padre Dehon, a reconciliação. A Carta parte
do n. 7 da nossa Regra de Vida: “O Padre Dehon espera que os seus religiosos
sejam profetas do amor e servidores da reconciliação dos homens e do mundo em
Cristo (cf 2 Cor 5, 18)”, e desenvolve uma reflexão aprofundada do Conselho
Geral sobre o texto de Paulo, aí referido.
Esta
Carta pode servir para encontros de formação e retiros espirituais para leigos
dehonianos, para pessoas consagradas e para religiosos, durante todo o ano. Na
espiritualidade dehoniana o tema da reconciliação está intimamente ligado ao da
reparação. Embora o termo reconciliação não apareça com muita frequência na
Bíblia nem nos escritos de P. Dehon, a sua realidade está profundamente
presente na experiência de fé do Fundador e nos relatos bíblicos de conversão,
perdão e solidariedade, como na história de José do Egito, no retorno e
acolhimento do Filho pródigo, na figura do Bom Samaritano, na atitude de Jesus
na cruz ao pedir perdão para “aqueles que não sabem o que fazem” e ao garantir
o paraíso ao crucificado arrependido.
Estas
poucas passagens ajudam a entender o coração de Cristo. E, por coração, a Bíblia não entende uma parte
da pessoa, mas a pessoa humana na sua integridade, interioridade e verdade.
Mais que denotar afetividade, o coração é expressão da memória existencial, do
pensamento e das decisões. Por isso é também o ponto de partida do
relacionamento com o outro e da escuta de Deus.
Celebrar
a festa do Coração de Jesus é celebrar Jesus que por nosso amor encarnou, deu a
vida, e ressuscitou para nos reconciliar com Deus. Na herança que o P. Dehon nos deixou,
significa celebrar Jesus que me amou e se
entregou a si mesmo por mim. O P. Dehon queria estar em profunda comunhão
com o coração de Cristo para, em consequência, o amar e reparar como seu Pastor
e Mestre.
A fundação de um movimento de espiritualidade
com religiosos e leigos teve por finalidade multiplicar e perpetuar o dinamismo
deste amor reparador e reconciliador. Os seguidores do Padre Dehon, mais tarde,
entenderam que o Fundador queria que fôssemos profetas do amor e servidores da reconciliação.
A
reconciliação na Bíblia, como Paulo deixa claro, é sempre iniciativa de Deus.
Porque nos ama e nos quer felizes na comunhão com Ele, tomou a iniciativa de
enviar o seu Filho ao mundo quando ainda
éramos pecadores. Paulo não nos deixa dúvidas: “Tudo isso vem de Deus, que
nos reconciliou consigo em Cristo”.
A
Festa do Coração de Jesus é uma boa oportunidade para aceitar esse imenso dom
do amor de Deus, em resposta ao apelo de Paulo: “Deixai-vos reconciliar por
Deus”. Então, como Paulo, podemos também assumir a missão de “embaixadores da
reconciliação”, operadores e servidores.
Como podemos fazer
isso?
- A nível espiritual, ajudando as pessoas a se
aproximarem de Deus, pela escuta da sua Palavra e pela celebração dos
sacramentos, especialmente a penitência e a eucaristia, sacramentos de
reconciliação.
- A nível familiar e comunitário, colaborando para
que nossas famílias e nossas comunidades sejam escolas de reconciliação, de
perdão e de comunhão.
- A nível social, praticando a solidariedade com os
que sofrem, com os pobres e os excluídos, assumindo iniciativas de
reconciliação familiar, social e política, participando em ações que visem à
transformação dos nossos ambientes sociais num mundo de justiça e de paz, e
colaborando ativamente na preservação do ambiente e na salvaguarda da criação.
A
leitura da Carta pode ajudar a aprofundar os diversos aspectos espirituais e
sociais do nosso ministério de reconciliação.
Desejamos
a todos uma Festa do Coração de Jesus motivada por uma profunda atitude de
gratidão pela herança recebida do P. Dehon. Gratidão a Deus pelo crescimento da
Família Dehoniana e por alguns eventos marcantes neste ano: A celebração do
centenário da presença dehoniana nos Camarões, dos 75 anos da Província BRE e
120 anos da presença dehoniana no Brasil, 75 anos da chegada dos missionários
italianos à Argentina, a celebração do Encontro de Jovens Dehonianos no Brasil
por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, e a realização das Conferências
Continentais na África, América do Norte e América Latina. Gratidão especial a Deus pelo dom do Papa
Francisco à sua Igreja e pelo Ano da Fé que estamos a celebrar.
Que
a Festa seja também ocasião de súplica por todos os projetos de bem da família
Dehoniana, para que continue a crescer no meio do Povo de Deus, em fidelidade
ao carisma e ao serviço do Reino do Coração de Cristo.
Em comunhão,
P. José Ornelas Carvalho
Superior Geral
Nenhum comentário:
Postar um comentário