sexta-feira, 7 de junho de 2013


 

Roma, 31 de Maio de 2013

 


Caros irmãos e irmãs na Família Dehoniana,

Graça e paz no Coração de Cristo!

 
Por ocasião da Festa do Coração de Jesus queremos estar em comunhão com todos vós, religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, leigos e leigas, para celebrar com ação de graças o amor incondicional de Jesus, nossa paz e reconciliação.

Escrevemos, como todos os anos, uma Carta à Família Dehoniana, para refletir sobre um tema importante da experiência de fé do Padre Dehon, a reconciliação. A Carta parte do n. 7 da nossa Regra de Vida: “O Padre Dehon espera que os seus religiosos sejam profetas do amor e servidores da reconciliação dos homens e do mundo em Cristo (cf 2 Cor 5, 18)”, e desenvolve uma reflexão aprofundada do Conselho Geral sobre o   texto de Paulo,  aí referido.  

Esta Carta pode servir para encontros de formação e retiros espirituais para leigos dehonianos, para pessoas consagradas e para religiosos, durante todo o ano. Na espiritualidade dehoniana o tema da reconciliação está intimamente ligado ao da reparação. Embora o termo reconciliação não apareça com muita frequência na Bíblia nem nos escritos de P. Dehon, a sua realidade está profundamente presente na experiência de fé do Fundador e nos relatos bíblicos de conversão, perdão e solidariedade, como na história de José do Egito, no retorno e acolhimento do Filho pródigo, na figura do Bom Samaritano, na atitude de Jesus na cruz ao pedir perdão para “aqueles que não sabem o que fazem” e ao garantir o paraíso ao crucificado arrependido.

Estas poucas passagens ajudam a entender o coração de Cristo. E, por coração, a Bíblia não entende uma parte da pessoa, mas a pessoa humana na sua integridade, interioridade e verdade. Mais que denotar afetividade, o coração é expressão da memória existencial, do pensamento e das decisões. Por isso é também o ponto de partida do relacionamento com o outro e da escuta de Deus.

Celebrar a festa do Coração de Jesus é celebrar Jesus que por nosso amor encarnou, deu a vida, e ressuscitou para nos reconciliar com Deus.  Na herança que o P. Dehon nos deixou, significa celebrar Jesus que me amou e se entregou a si mesmo por mim. O P. Dehon queria estar em profunda comunhão com o coração de Cristo para, em consequência, o amar e reparar como seu Pastor e Mestre.

 A fundação de um movimento de espiritualidade com religiosos e leigos teve por finalidade multiplicar e perpetuar o dinamismo deste amor reparador e reconciliador. Os seguidores do Padre Dehon, mais tarde, entenderam que o Fundador queria que fôssemos profetas do amor e servidores da reconciliação.

A reconciliação na Bíblia, como Paulo deixa claro, é sempre iniciativa de Deus. Porque nos ama e nos quer felizes na comunhão com Ele, tomou a iniciativa de enviar o seu Filho ao mundo quando ainda éramos pecadores. Paulo não nos deixa dúvidas: “Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo em Cristo”.

A Festa do Coração de Jesus é uma boa oportunidade para aceitar esse imenso dom do amor de Deus, em resposta ao apelo de Paulo: “Deixai-vos reconciliar por Deus”. Então, como Paulo, podemos também assumir a missão de “embaixadores da reconciliação”, operadores e servidores.

Como podemos fazer isso? 

-     A nível espiritual, ajudando as pessoas a se aproximarem de Deus, pela escuta da sua Palavra e pela celebração dos sacramentos, especialmente a penitência e a eucaristia, sacramentos de reconciliação.  

-     A nível familiar e comunitário, colaborando para que nossas famílias e nossas comunidades sejam escolas de reconciliação, de perdão e de comunhão.

-     A nível social, praticando a solidariedade com os que sofrem, com os pobres e os excluídos, assumindo iniciativas de reconciliação familiar, social e política, participando em ações que visem à transformação dos nossos ambientes sociais num mundo de justiça e de paz, e colaborando ativamente na preservação do ambiente e na salvaguarda da criação.

A leitura da Carta pode ajudar a aprofundar os diversos aspectos espirituais e sociais do nosso ministério de reconciliação.

Desejamos a todos uma Festa do Coração de Jesus motivada por uma profunda atitude de gratidão pela herança recebida do P. Dehon. Gratidão a Deus pelo crescimento da Família Dehoniana e por alguns eventos marcantes neste ano: A celebração do centenário da presença dehoniana nos Camarões, dos 75 anos da Província BRE e 120 anos da presença dehoniana no Brasil, 75 anos da chegada dos missionários italianos à Argentina, a celebração do Encontro de Jovens Dehonianos no Brasil por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, e a realização das Conferências Continentais na África, América do Norte e América Latina.  Gratidão especial a Deus pelo dom do Papa Francisco à sua Igreja e pelo Ano da Fé que estamos a celebrar.

Que a Festa seja também ocasião de súplica por todos os projetos de bem da família Dehoniana, para que continue a crescer no meio do Povo de Deus, em fidelidade ao carisma e ao serviço do Reino do Coração de Cristo.

 

Em comunhão,

 

P. José Ornelas Carvalho

Superior Geral

 

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