quarta-feira, 2 de janeiro de 2013



De Timor
 
Queridos amigos, irmãs e família

Esta é quase uma partilha inesperada, um presente recebido no início do advento que marcou este tempo, uma oportunidade casual ou sem o ser, porque gerou outras que tomaram um rumo para respostas a necessidades.O certo é que teve um sentido muito missionário para nós, para apreendermos com quem já fez uma longa e difícil experiência neste país que, por exemplo, há 9anos atras seria bem diferente do que é hoje apesar de ainda parecer ter pouco, um pouco, visto por nós e pelo nosso olhar europeu. Timor precisa de ser compreendido por nós e pelos nossos projetos de serviço e ao serviço deste povo. Em cada dia compreendemos melhor na medida em que fazemos parte deste povo, mas muito mais claro com a ajuda de quem já conhece, na alma e até no corpo, esta realidade de Timor Lorosae, com toda a sua História assumida e, pouco a pouco, integrada para continuar o longo caminho para o desenvolvimento e a dignidade que ainda falta adquirir por muitas e complexas razões.
No simples e básico Power Point que fiz para melhor fazerem, comigo ou connosco, esta viagem poderão comtemplar maravilhosas paisagem junto ao mar belo de Timor, ao verde e completar as molduras dos quadros naturais do horizonte e da beleza humana que nos sorri, algo que se repete um pouco por todo o lado e que para vós que recebeis as minhas cronicas desde que vim para Timor, já muito vos é familiar. Visto de um certo angulo tem sempre pequenas diferenças, por isso boa viagem até Manatuto, depois até Laclubar, passando por Soibada e regressando muito mais encantados apesar da dureza da viagem até Maliana, no total 9 horas de viagem com paragem em Maubara.
Desculpem entusiasmo-me a pensar alto acerca desta ilha e do impacto que tem em mim e não começo a viagem…
Encontrámos o irmão Vítor Lameiras dos irmãos S.João de Deus em Díli, e nos apresentámos mutuamente; mal o conhecíamos apesar de, em Timor, ser uma figura portuguesa publica, reconhecido e condecorado em Maio pelo presidente da Republica Cavaco Silva aquando da sua visita oficial a Timor Leste. Então o irmão prontamente formulou o convite a irmos conhecer a sua missão a Laclubar, o que nos encheu de entusiasmo porque tínhamos realmente esse desejo tendo em conta o objetivo da missão, um centro de apoio à saúde, direcionada para a saúde mental.
E na data combinada, início de Dezembro, lá fomos ainda antes das chuvas torrenciais começarem a condicionar as estradas. Em Díli encontrámo-nos com o irmão pois coincidiu, para nossa sorte, com uma ida dele e depois de almoço lá fomos todos. Carregámos os dois carros com todo o material que ele precisava para a missão, pelo menos já fomos uteis e lá fomos felizes e contentes! 
A viagem de Díli a Manatuto durou 2 horas, muito boa estrada mas numa paragem já depois de Manatuto o irmão com um excelente sentido de humor e serenidade, explicou que a viagem de Díli a Laclubar é dividida em três estados: o céu de Díli a Manatuto, o purgatório de manatuto até à última aldeia antes de subir as montanhas e o inferno desde essas subidas das montanhas até Laclubar. Ah! Acrescentou que para Soibada nem o diabo lá quer ir, só Nossa Senhora lá mora. E assim se confirma toda esta discrição, mas acreditem vale a pena arriscar o caminho, percorrer os três estados e até ir a Soibada porque a riqueza que destes lugares advêm é imensa.
O irmão acolheu-nos e acompanhou-nos de uma forma tão sublime em gentileza, paciência, como se tivesse todo o tempo do mundo e na realidade sempre carregado de trabalho naquele imenso mundo, que eu considero um oásis entre montanhas, lá encontrámos de tudo um pouco até frio sentimos de noite, coisa rara em Timor, mas a altitude é muito grande e daí a temperatura à noite ser mais baixa. Esclarecemos muitas duvidas, pedimos conselhos, pedimos contactos, trocámos ideias e experiências, uma graça e um presente de Deus esta visita a Laclubar. As imagens no Power Point falam por si.
A ida a Soibada foi realmente quase inacreditável, por isso nem o “diabo” lá quer ir, mas é um lugar belíssimo, diz-se que chamavam a Soibada a Coimbra de Timor, por ser lá o centro de formação de vários âmbitos; primeira missão dos Jesuítas em Timor, primeira missão das irmãs Canossianas em Timor, agora nenhum deles lá está, estão outras missões. Tem ainda o Santuário de Nossa Senhora de Aitara, aonde todos os anos os timorenses fazem a sua peregrinação.
É impossível escrever o suficiente para expressar tudo o que vivemos nestes 3 dias. Sinto sempre que partilhar torna a experiência um pouco também dos outros, e assim ganhamos todos, uns mais outros menos de acordos com as suas motivações, interesses e sensibilidades.

 Mas o que é para uma maravilha e digno de ser louvável não deve ser guardado numa caixinha escondida.
E termino, foi realmente um ano intenso de vivências, daria um livro de muitas coisas… obrigada pela vossa simpatia e amizade, a muitos de vós, amigos, família e irmãs de Congregação dedico tudo o que me deu alegria, felicidade e um entusiasmo constante para dar um sentido novo ao bem que anseio para este povo e para todos os povos.

Um abraço amigo e votos de uma boa despedida de 2012!

Cristina Macrino

 

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