quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


Ravenna porquê?




Depois de uma hora e meia de comboio (mais ou menos regional) de Bolonha, eis que Ravena aparece chuvosa e a chover pouco, mas insistente.
Lá vou eu até à Piazza del Popolo, como que sendo um meeting point. Daí, procuro o centro de informações da cidade. Ando, ando, mas este centro está mesmo escondido, parecendo tudo menos um centro de informações.
Pergunto o que há para ver. Lá me dizem que o que eu devo ver em primeiro lugar é a Basílica de S. Vital do ano 547 pelos seus mosaicos, depois o túmulo de Dante e por aí adiante…
Mas a Basílica de Santo Apolinário in Classe? Ah! Essa fica a 5 kms. Não interessa. Como? Interessa-me a mim. Perguntei depois por uma livraria religiosa e por outra de pedagogia. Responderam-me que a Feltrinelli, que tem um pouco de tudo…
Por fim, não gostando muito da informação dos profissionais, perguntei como apanhava o autocarro para Santo Apolinário in Classe. Lá a custo, sem convicção, me disseram o número 4 na Praça dos Caduti.
Lá me dirigi para a praça e disseram-me que o 4 para Classe não se apanhava ali. Lá fui procurando informações até que perguntei a um jovem adulto como ia para Santo Apolinário in Classe. Disse que não sabia e foi-se embora. Lá eu continuei a viagem à procura de uma fermata do 4. Estava andando quando veio este jovem com carro e disse-me para entrar que me levava lá. Sem palavras, entrei e lá fomos conversando até que chegamos lá. Apenas lhe agradeci, perguntando o seu nome. Chamava-se Marcos.
Bem. Andei à procura da Basílica de Santo Apolinário construída em 549, dedicada a este santo por ser o primeiro bispo mártir de Ravenna no primeiro século da Igreja.
Dei duas voltas até encontrar a entrada para a Basílica. Lá consegui entrar. Queriam logo vender-me um bilhete para visitar o museu. Eu disse: calma lá que eu não vim visitar museus.
Perguntei ao cicerone quem tinha sido o bispo a seguir a Santo Apolinário? O homem que era cicerone ficou gago a pensar na minha pergunta. Disse-lhe que tinha sido Santo Adérito.
Não há a basílica do tempo de Santo Apolinário. Ele disse-me que no primeiro século da Igreja eram só perseguições. Os bispos não tinham lugar certo para celebrar. Iam de um lado para outro.
No entanto, entramos na basílica que no lado esquerdo quem olha para o altar quase no teto estavam os bispos depois de Santo Apolinário. O homem olha para o teto e lê aderitus. Eu perguntei onde. Depois de Santo Apolinário está ali a pintura de Santo Adérito. Fiquei tão emocionado que nem fiz zoom para ter bem o nome de aderitus. Tirei a foto que segue em anexo a este texto que é a pintura de Santo Adérito, sucessor de Santo Apolinário.
O homem ficou estupefato por eu ter descoberto isso. Questionei se havia mais dados sobre Santo Adérito. se for na Igreja de Santa Eufémia, no centro de Ravenna… mas já não deu tempo para mais…
Voltei à cidade e quando andava a pé ainda ouvi alguns comentários ao acaso: ... aquela não tem nenhum sentido maternal…outra senhora conversava com outra … as exigências da fé…
E assim a palavra grega aderitus que significa em português invencível, marcou a história de Ravenna, mesmo que os cicerones não saibam quem foi este grande santo.
NB. Ravenna, com neve no inverno e belas praias no verão, é um chamariz para visitar e apreciar os famosos mosaicos árabes…e os seus famosos monumentos…animem-se.

Adérito, não o santo, não o bispo, mas o peregrino à chuva em 22 de janeiro de 2013.

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