sábado, 18 de fevereiro de 2012





MEMO
12 de Fevereiro de 2012

Continuando a viagem até Maliana... A precária estrada de Maliana à aldeia de Memo foi percorrida com um misto de emoções em mim, o momento da chegada também desejada depois de tantas horas de viagem, o desconhecido reconhecido e ao mesmo tempo a consciência de que esta seria a minha realidade presente e não outra, senti também medo, angústia e ansiedade, ao mesmo tempo que sentia encantamento, deslumbramento e gratidão por em tão pouco tempo ter recebido tanto! Deus é Grandioso! Que quererá Ele que eu faça nesta terra do absolutamente nada!?
Mas a chegada a Memo exteriormente foi um mistério maravilhoso, só quem viu como eu, poderá testemunhar isso mesmo. As crianças saltaram o quintal ao encontro do jipe, crianças de todas as idades, mas tantas e com um sorriso que quase me fazia chorar, como pode ser assim esta nossa presença? Todos queriam falar, dizer o “boa tarde madre”, beijavam-nos as mãos com veneração, que em todo o lado o fazem, crianças de todas as idades, jovens e adultos, na rua no mercado, na estrada, na igreja, sempre que nos vêm lá vêm eles fazer este gesto que a mim me faz um pouco de confusão mas ao mesmo tempo olhando o brilho do seu olhar ficamos extasiados. Mas estava a contar a chegada a Memo… 
Chegadas à casa onde residimos, era chamada uma “casa de bonecas”, mas não é assim tão pequena tem o suficiente para vivermos com conforto e satisfazer as nossas necessidades básicas, um verdadeiro chalé comparado com as casinhas dos habitantes, poderão ver pelas fotos que envio em anexo, assim como o nosso amplo quintal com um portão feito de bambu, muito original e muito terno, foi feito pelas pessoas da aldeia antes de eu cá chegar, e estavam a acabar a garagem e o anexo ao lado, muito útil para o futuro. A criançada depressa se juntou no quintal para conhecer a desconhecida que vinha de Portugal, espantados e sorridente, fez o gosto o dedo, (como não podia deixar de ser) e tirei com eles e a eles umas fotos.
No dia seguinte o primeiro destes que se têm seguido aqui em Memo, fui acordada pela ir.Olívia com um surpreendente presente, um galo imaginem, que a nossa vizinha de nome Marta me quis ofertar, e eu nem queria acreditar que o bicho estava vivo, saltei da cama toquei no galo e ele logo cacarejou, um presente assim nunca tive, e no dia seguinte logo o comemos e muito bom, claro caseirinho!
As primeiras impressões que me tocam desta gente de Timor Leste, é um povo muito educado e muito digno na sua atitude diante uns dos outros, mas de Portugal apenas têm a história da sua passagem, a sua ajuda em algum tempo, algum rasto da língua portuguesa, embora seja a 2ªlingua oficial na Educação mas a que falam é o tétum, estranha língua que não se apanha uma. No domingo passado em Díli fomos à missa das 7horas, era uma Igreja de grande dimensão, cheia de gente fora e dentro e o padre fez uma homilia de 50 minutos em tétum, bem eu já transpirava com aquela conversa incompreensível, o calor, zonza ainda da chegada, cedo e uma missa em tétum, melhor era impossível!
Aqui em Maliana, curiosamente as pessoas têm uns traços mais belos do que as que nos cruzámos em Díli, um olhar lindo, uma tez límpida, disse-nos a ilustre madre Rosa que certamente deve ter passado por aqui alguém que deixou esta beleza humana, poderá ter sido sim, quem sabe?
Por todo este território que faz fronteira com a Indonésia, existem quilómetros e quilómetros de arrozais, um espanto dumas culturas que são uma fonte grande de receita destas famílias. Nestas plantações trabalham crianças, jovens e adultos, todos dão o seu contributo, muito bonito de se ver e admirar.
Esta semana fomos também convidadas a participar na festa de Santa Bakhita, nas canossianas em Maliana, onde conhecemos o nosso pároco muito dinâmico e o padre Peter, um Indiano Claretiano muito sereno e muito gentil, que hoje sexta-feira veio celebrar missa a Memo e de seguida tomou o pequeno-almoço connosco com quem partilhámos muitas das nossas diferenças, ele entende um pouco o português, mas fala o tétum mas o Inglês é que me safou, mas foi muito interessante a partilha. 
Vou concluir dizendo-vos que o deslumbramento do novo neste país – Timor Leste não deixa de me fazer sentir as dificuldades e a distância do nosso Portugal que tanto amo, longe de muitas coisas que aqui não posso ter, longe de muitas pessoas que aqui dificilmente não posso estar sempre a comunicar, ainda a assentar o início de trabalho que apenas é um projecto a concretizar, um país que apenas tem a força da presença humana e pouco mais, é um desafio sim, é difícil? Muito, mas referindo-me a uma passagem do livro: “Ouvir, Falar, Amar” de Laurinda Alves: “Há quem diga: eu faço a minha vida. Mas também podemos dizer que a vida nos vai fazendo, se aceitarmos os desafios que ela traz. Ora aqui está um Grande segredo! Se ficarmos só do lado de cá do obstáculo que temos pela frente, procurando ver se é fácil ou difícil ultrapassá-lo, fica por descobrir o que está para além daquilo que vemos naquele momento. Não há nada como aceitar o desafio, arregaçar as mangas e atiramo-nos à água. É a única maneira de aprendermos a nadar!”
Assim faremos com a ajuda de Deus, o vosso apoio e a vossa oração!
Um forte abraço e muitas saudades para todos.
Até breve.
Ir Cristina Macrino
Deixo-vos todos o meu contacto telefonico: 00670 7177802.
Obrigada por todos os vossos de emails de apoio que tanto me têm comovido, quereria dar uma palavra a cada um em especial e estou a pensar em cada um e uma, mas como tenho de vir à cidade para ter net torna-se mais dificil essa comunicação individual, espero que compreendam, mas logo que possa irei fazê-lo sim, tambem podem partilhar o email com as noticias a quem perguntar por mim, no meio de tantos pode passar alguem. beijinhos.

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