quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012





Timor

Cronica, 21 de Fevereiro de 2012



Boa tarde de Timor e bom dia para o meu querido Portugal! Se já tenho saudades? Sim, tenho sempre saudades de todos e do tudo o que me é querido! Parece que deixei um país há mais de 1ano e só passou 17dias, quem me conhece bem, sabendo que sou assim um pouco, nostálgica, apesar de gostar da novidade que me enriquece e me torna um pouco melhor em relação às diferenças dos outros contudo o que isso implica de diferente, sinto sempre a falta do que me identifica, pessoal, social e afectivamente, e claro sou portuguesa com muito orgulho e carinho!


Falando agora da nossa adaptação à aldeia onde residimos – Memo, estamos já bastante familiarizadas com estas pessoas, mas mais com estas crianças e adolescentes que todos os dias sem excepção vêm ter connosco. No domingo passado depois da missa dominical, combinámos com o grupo habitual de que iríamos levá-los a dar uma voltita e assim cumprimos o prometido. Por volta das 15horas toca todas a entrar e a subir para o jipe e lá fomos com os nossos meninos visitar uma outra aldeia de nome Tunubibi que quer dizer cabrito assado, uma aldeia plana, interessante, pelo caminho passámos por varias extensões de arrozais e vários grupos de pessoas a plantá-lo exaustivamente, muito interessante. Parámos em frente á Igreja de Tunubibi, e os meninos saltaram do jipe logo a organizarem-se para as fotos de grupo, apreciámos ali as redondezas e depois seguimos para a Ribeira duma ponte de quem vem de Díli para Maliana, quer dizer isto é só para vos situar, mas há outra exactidão geográfica. Bem haviam de vera alegria dos miúdos, numa ribeira de pouco agrado onde parecia uma zona de construção e limpezas e eles saltavam de alegria com tal oportunidade até um peixe conseguiram apanhar naquelas aguas, eu fiquei estupefacta com a atitude de plena satisfação destas crianças e adolescentes que com tão pouco fizeram um dia de grande celebração! Uma lição para mim e para todos nós os ocidentais que precisamos de muito para nos sentirmos um pouco realizados, faz-me lembrar um pensamento de Shakespeare: “alegremo-nos pouco com o muito que temos e sofremos muito pelo pouco que não temos”, e aqui o pouco é imenso e sentimos isso nos seus olhares, uns olhares que nos transcendem verdadeiramente.

Enfim mas também o dia-a-dia doméstico, tem as suas coisas, a irmã Olívia é raro odia que não se chateia com as cabras do vizinho que nos vêm comer as papaieiras e até as flores que ela própria já tinha plantado, ora ela que está a pensar em cultivar uns canteirinhos de várias coisas para nós comermos já se sabe qual é a preocupação dela, as cabras do vizinho a dar cabo da cultura agrícola. Na segunda feira fomos ao carpinteiro aqui também nosso vizinho pedir-lhe uns trabalhos cá para a nossa casa, qual não é o meu espanto que vejo na berma da casa dele um macaco preso, achei imensa graça pois ainda não tinha visto um sem ser no jardim zoológico, aproximei-me dele convencida que o bicho era meigo, pois sim toca de agarrar numa pedra pra me atirar e não perdeu tempo, à primeira não conseguiu acertar e pegou na segunda, mas como eu vi a tempera do macaco, comecei logo a afastar-me antes que ele me acertasse. Nessa mesma tarde fomos à câmara diocesana tratar de uns assuntos, ao chegarmos assistimos a um verdadeiro espetáculo: imaginem uma galinha a fugir dela própria por causa deter um saco plástico agarrada á pata, quanto mais o plástico esvoaçava mais ela corria, viemos embora e a pobre da galinha continuou nesta luta, é cada episódio!

Ontem logo bem cedo pela manhã, os nossos meninos, vieram-nos chamar para irmos com eles à ribeira daqui de Memo que divida Timor da Indonésia, eu até estava incrédula! Parece que vai muita gente pelo monte á Indonésia buscar alimentos, gasolina e outras coisas porque são tudo produtos a custar menos de metade.

 Rezámos todos juntos a oração da manhã e de seguida lá fui eu com os miúdos até á tal ribeira que divide estes dois países, foi uma festa! As fotos provam mesmo isso, a ir. Olívia ficou em Adoração enquanto eu fui com eles e quando viemos, convidamo-los a rezar um bocadinho ao Santíssimo e fiquei impressionada com a atitude destes miúdos, fotografei os momentos porque nos ajuda a compreender um pouco este seu lado profunda da sua fé, desde pequeninos sabem e aprendem provavelmente a sentir que Deus é o seu Pai Criador a quem devem prestar veneração. Ajoelhados diante do Santíssimo cada um rezava para si, como que diante de um SER Supremo e Absoluto, um mistério muito simples mas que nos fez reflectir muito! 
Despeço-me por hoje, continuarei em breve… a História constrói-se com as pequenas histórias do dia-a-dia.
Um beijinho amigo.
Ir Cristina Macrino.

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